Título: CNI alerta para risco de câmbio inibir investimentos
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

O coordenador da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, afirmou ontem que, se a trajetória de valorização do real continuar, as decisões de investimentos poderão ser prejudicadas. Para ele, a valorização do real, acima da de outras moedas, tem feito com que o Brasil perca a chance de crescimento oferecida pela economia mundial. Ele lembrou que países asiáticos e o Chile, por exemplo, têm crescido mais que o Brasil porque suas taxas de investimentos também têm sido maiores. "Destravar investimentos é o desafio maior para a economia brasileira", afirmou. Segundo ele, as taxas de investimento no Brasil não são maiores por causa dos juros altos, do câmbio valorizado e da crise política.

"É um convite ao não investimento", avaliou outro economista da CNI, Paulo Mol, lembrando que a taxa de juros real no Brasil está acima de 14% ao ano. Segundo ele, não existe nenhum outro país com juros reais tão altos. Por isso, avaliou, é mais interessante para os empresários aplicar em títulos públicos.

A CNI prevê crescimento de 4% nos investimentos este ano, tímido se comparado aos 10,9% de 2004. Mas Castelo Branco acredita que o início da trajetória de queda dos juros, a desoneração de impostos de bens de capital e o aquecimento da demanda interna devem trazer um panorama mais favorável para os investimentos em 2006.

FITCH

O diretor-executivo da Fitch Ratings, Rafael Guedes, alertou ontem que as exportações poderão perder competitividade por causa da valorização do real. Nos últimos meses, a Fitch observou que o volume das exportações caiu, embora os preços tenham se mantido em alta. "Se essa tendência se mantiver por alguns meses, pode ser motivo de preocupação", afirmou.

Guedes disse que o Brasil vem perdendo competitividade no mercado internacional desde 2003, mas nada semelhante ao do período anterior a janeiro de 1999, quando o País adotou o câmbio flutuante.