Título: Carteira de crédito do Banco Santos vai a leilão
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2005, Economia & Negócios, p. B9

O administrador do processo de falência do Banco Santos, Vânio de Aguiar, já estabeleceu as prioridades no plano de recuperação de ativos da instituição. Entre as primeiras medidas a serem tomadas está o leilão das carteiras de crédito de pessoas físicas, com um total de 15 mil clientes, avaliada em R$ 5 milhões. "São, basicamente, empréstimos consignados, crédito para funcionários e ao consumidor. O mais importante é que são operações sadias", disse Aguiar, ontem, após participar de um seminário promovido pela Fitch Ratings, em São Paulo.

Em seguida, será leiloada a carteira de crédito de pessoas jurídicas, restrita a 750 clientes, mas com valor dez vezes maior que a de pessoas físicas. O interventor não estabeleceu uma data para os leilões. Ele pretende apresentar até novembro o plano que conduzirá a falência do banco.

Segundo Aguiar, os ativos cobrem cerca de 10% do rombo da instituição, avaliado em R$ 2,9 bilhões. "A maior parte dos ativos está fora do banco, basicamente em empresas offshore e não financeiras do grupo. Cabe a nós rastrear e recuperar esses recursos", disse ele.

Outra possibilidade é avançar sobre a coleção de arte do ex-dono do banco, Edemar Cid Ferreira, arrestada por determinação da Justiça. "É um grande ativo que pode fazer parte da massa falida", disse Aguiar.

O problema é que a coleção e outros bens valiosos, como a mansão de Edemar, estão em nome de empresas sediadas em paraísos fiscais. Para incluí-los de volta na massa falida, é preciso provar judicialmente que pertencem a Edemar.

O administrador, no entanto, está otimista. "O processo de intervenção no Banco Santos estabeleceu uma série de paradigmas. Agora, pretendemos que isso continue no processo de administração judicial", diz Aguiar.