Título: Vasco x Figueirense, de novo
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Esportes, p. E1

Resultado (2 a 1 para os vascaínos) teve influência direta de Edilson Pereira de Carvalho e será anulado, segundo auditores do STJD

As investigações sobre esquema de corrupção na arbitragem brasileira estão apenas começando, mas já é certo entre auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que pelo menos um jogo do Campeonato Brasileiro será anulado: Vasco x Figueirense, disputada em 7 de agosto, em São Januário, com vitória do time carioca por 2 a 1. O resultado teve influência direta de Edilson Pereira de Carvalho, após marcar um pênalti inexistente para o Vasco e convertido por Romário e ainda por ter coagido os catarinenses com distribuição de cartões amarelos no primeiro tempo do jogo. "É o caso mais grave, até agora, por conta do teor das conversas gravadas (entre Edilson e o empresário Nagib Fayad) que confirmaram manipulação no resultado", disse um auditor do STJD ao Estado. No jogo realizado em São Januário, o árbitro aplicou 3 cartões amarelos no 1.º tempo - todos ao Figueirense: o capitão Bebeto, por reclamação, Michel Bastos e Alexandre. O Vasco, no intervalo, já vencia os catarinenses por 2 a 0.

"A anulação de jogos, além da punição rigorosa dos envolvidos, será a medida mais adequada da Justiça esportiva para dar satisfação à sociedade. O de maior repercussão é o confronto entre Vasco e Figueirense, que deve encabeçar a lista das anulações", comentou outro auditor do STJD. A decisão do tribunal, porém, ainda deve levar pelo menos duas semanas para ser consumada.

Nas gravações feitas pela Polícia Federal, Edilson e Nagib Fayad acertam a manipulação do resultado do jogo e o árbitro garante, em troca de R$ 15 mil, que o Vasco sairá vitorioso de seu estádio. "Pode jogar até os carros que você tem que amanhã eu saio de escolta (do jogo) do Figueirense", diz o árbitro ao empresário, num trecho da conversa.

NERVOSO

O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, Armando Marques, deixou o prédio da entidade às 18h45 de ontem e foi ríspido com a imprensa. Ao ser perguntado se comentaria algo sobre o escândalo, disse que não tinha o que declarar. "Não tenho que falar nada. Não insista." Enquanto caminhava do hall dos elevadores até o táxi que o aguardava, Marques se manteve irredutível. Quando o repórter disse que o presidente do STJD, Luiz Zveiter, afirmara ser importante que ele fizesse pronunciamento, a resposta veio em voz alta. "Não sou polícia para fazer pronunciamento. Não me interessa o que ele (Zveiter) disse."