Título: `Prova material não é necessária¿
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Nacional, p. A8

Relator do caso não adianta, porém, se pedirá cassação de Dirceu

Relator do processo contra José Dirceu no Conselho de Ética da Câmara, Júlio Delgado (PSB-MG), é cauteloso e prefere não dizer se vai pedir ou não a cassação. Delgado está certo, porém, de que a Câmara tem competência para analisar o processo. Afirma ainda que não é preciso ter provas materiais para concluir se o ex-ministro influenciou o esquema do mensalão.

O que espera do depoimento de Dirceu no Conselho de Ética?

O depoimento vai ser muito importante na instrução do processo. Tanto para elucidar como para poder descaracterizar fatos aventados contra ele.

Há provas de que Dirceu articulou o esquema do mensalão?

Provas concretas e materiais podem não existir. Mas pode haver um conjunto que dê convencimento.

Dependendo da qualidade, testemunha pode ser considerada como prova. Já vi testemunha decidir processo.

O fato de o ex-deputado Roberto Jefferson querer retirar a denúncia enfraquece o processo contra Dirceu?

Talvez até fortaleça. Junto à opinião pública essa retirada não necessariamente beneficia Dirceu. Ele disse que isso em vez de ajudá-lo iria atrapalhá-lo.

Dirceu diz que o Conselho não pode processá-lo porque não exercia o mandato na época do mensalão.

Vamos deixar isso muito caracterizado no depoimento: a competência da Câmara para continuar a representação. Competente é. Dirceu jamais perdeu a prerrogativa de parlamentar.

Críticos acusam o sr. de fazer um prejulgamento sobre Dirceu

Não tenho uma linha do relatório pronto. O depoimento pode consubstanciar sua defesa. Não tenho nada pronto em que seja definido como acusado.