Título: Ex-assessor de Palocci depõe hoje na CPI dos bingos sobre a 'máfia do lixo'
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Nacional, p. A8

A chamada "máfia do lixo" de Ribeirão Preto volta hoje a ser tema da CPI dos Bingos, com os depoimentos do superintendente do Serpro, Donizete Rosa, e do ex-gerente financeiro da gráfica Villimpress Luciano Maglia. Homem de confiança do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Donizete tem o nome citado várias vezes nas conversas grampeadas a pedido do Ministério Público em São Paulo durante a investigação de um esquema envolvendo licitações de coleta de lixo. Ele aparece nas conversas como intermediador de contatos feitos entre a prefeitura e a empresa Leão & Leão, acusada de fraudes em licitação. Foi Donizete quem substituiu o advogado Rogério Buratti na Secretária de Governo do então prefeito Palocci, quando ele teve de deixar o cargo depois de ter sido acusado de fraudar licitações.

Já Luciano Maglia fez várias denúncias sobre a ligação da Leão&Leão com o PT. Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, ele afirmou que cabia à empresa pagar o material feito pela Villimpress para as campanhas municipais do PT e para a campanha de 2002 em que foi eleito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Maglia, os pedidos eram feitos por Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro Palocci até o mês passado, quando se demitiu um dia depois de depor na CPI dos Bingos. Maglia disse ainda que a gráfica emitia notas com valores superfaturados e que elas eram entregues no escritório do PT em Ribeirão Preto.

"Posteriormente eram emitidas notas fiscais em nome da Leão&Leão, que tratava de quitá-las", contou Maglia no depoimento. Ele revelou ainda ao Ministério Público que chegou a testemunhar Juscelino Dourado e Donizete Rosa conversando com seu patrão, a respeito das sobras de dinheiro relativas às notas fiscais. Segundo ele, os dois assessores de Palocci orientavam o empresário a comprar dólares com esse dinheiro e a repassá-los mais tarde ao PT.