Título: Dirceu vai ao Conselho brigar pelo mandato
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Nacional, p. A8

Ele dirá que acusações 'são tão frágeis' que PTB tentou retirar representação

O deputado José Dirceu (PT-SP) será ouvido hoje pelo Conselho de Ética da Câmara, no processo por quebra de decoro parlamentar aberto contra ele pelo PTB. O ex-ministro da Casa Civil dirá que as acusações "são tão frágeis" que até o partido autor da ação queria retirá-la. Dirceu é acusado de ser o mentor do esquema do mensalão, operado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Ao mesmo tempo, a Comissão de Sindicância deverá ouvir hoje seis deputados acusados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão de receberem dinheiro do esquema montado por Valério e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Os petistas João Paulo Cunha (SP), Professor Luizinho (SP), Paulo Rocha (PA) e José Mentor (SP), além do presidente do PP, Pedro Corrêa (PE) e de Vadão Gomes (PP-SP), terão a oportunidade de fazer sua defesa na comissão antes que o processo seja encaminhado ao Conselho de Ética.

Todos eles pretendem dizer que o dinheiro recebido das contas de Marcos Valério foi usado para pagar contas de campanha em seus Estados. Desses nomes, os mais expostos foram os petistas, que compareciam pessoalmente ou mandavam funcionários buscar dinheiro no Banco Rural.

O PP concentrou o recolhimento no ex-assessor João Cláudio Genu e em parlamentares como Vadão. Argumenta, ainda, que gastou parte do dinheiro na defesa do deputado Ronivon Santiago (AC), cujo mandato foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

RECURSO

Dirceu vai dizer aos integrantes do Conselho de Ética que pretende paralisar o processo no Supremo Tribunal Federal (STF). O recurso visa a trancar a ação - o ex-chefe da Casa Civil argumenta que não pode ser julgado por quebra de decoro parlamentar, pois, no período das irregularidades, estava de licença do cargo de deputado.

Para o relator da ação contra Dirceu, Júlio Delgado (PSB-MG), a argumentação pode ser refutada. Isso porque Dirceu optou pelo salário de deputado, que é de R$ 12,72 mil, em vez dos R$ 8 mil de ministro.