Título: Aldo fracassa estréia e acordo para mudar Lei Eleitoral não sai
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2005, Nacional, p. A4

O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), estreou sem sucesso na reunião de líderes para tratar dos trabalhos da Casa. Feita ainda sob impacto da disputa acirrada pela presidência da Casa, o encontro terminou sem resultados práticos e refletiu o clima tenso entre governistas e oposição. Não houve acordo em torno de uma pauta de votação e a única decisão foi a convocação de nova reunião de líderes para terça-feira. Aldo não conseguiu apoio para a votação da proposta de emenda constitucional que permite ao Congresso fazer mudanças eleitorais até 31 de dezembro, a fim de que possam vigorar para as eleições de 2006. Não houve sessão de votação ontem na Câmara. Em seu primeiro dia no cargo, Aldo se reuniu com líderes e cumpriu uma agenda protocolar com visitas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim. "Se eles (o governo) tivessem maioria, entrariam na reunião marcando uma agenda de votação para hoje à tarde", afirmou o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ). "O governo construiu sua base no toma-lá-dá-cá. Não vamos aceitar isso."

O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), resumiu a disposição de seu partido: "Vamos votar as matérias e continuar fazendo oposição a esse governo medíocre e corrupto que está aí." À tarde, Aldo comentou as críticas da oposição: "Encerrada, o que se trata é recolher a disputa e tratar dos interesses do País e da sociedade. Não sei por que ficar repercutindo formas, temas e debates próprios para a disputa eleitoral."

MENSALÃO

Mais um exemplo do clima pesado entre oposição e governo foi registrado logo no início da reunião de líderes. Ao chegar, Goldman enfrentou críticas do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do líder do PP, José Janene (PR). Os dois cobraram explicações do tucano, que havia declarado que o resultado da eleição tinha sido a 'vitória do mensalão". "Foi a vitória do mensalão. Os grandes líderes do mensalão estavam pulando de alegria. Essa é a realidade", contou Goldman, após a reunião. "Evidentemente que nem respondi. Falo o que eu quero e da forma que eu quero."

Para retomar as votações, Rodrigo Maia condicionou a possibilidade de acordo para destrancar a pauta do plenário - com cinco medidas provisórias e quatro projetos de lei com urgência - à votação da proposta que prevê a autonomia do Banco Central. "Se eles querem acordo para desobstruir a pauta, terão de incluir temas de interesse do PFL, e o primeiro deles é o projeto da autonomia do BC.

Ao abrir a reunião, Aldo afirmou que não havia condições de a Câmara votar o projeto que muda as regras eleitorais até hoje, quando vence o prazo pela lei para que as alterações entrem em vigor no próximo ano. Diante disso, ele quis saber sobre a hipótese de a Câmara votar em outubro a proposta de emenda que altera esse limite para mudanças.

Goldman só concorda com a votação da emenda se houver acordo sobre o conteúdo da mudança eleitoral. Segundo ele, seu partido não concorda em "abrir a porteira sem saber o que vai passar por ela". "Nada será aprovado se não houver consenso na regra eleitoral", afirmou o tucano. "Não queremos nenhuma armadilha para que haja retrocesso ou recuo."