Título: Inquérito do lixo termina com 4 pedidos de prisão
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2005, Nacional, p. A13

O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antonio Valencise, encerrou ontem o inquérito do escândalo do lixo, pedindo a prisão preventiva de quatro ex-diretores do Grupo Leão Leão, indiciados por formação de quadrilha ou bando. São acusados Luiz Cláudio Ferreira Leão, Wilney Barquete, Fernando Fischer e Marcelo Franzine. O advogado Rogério Tadeu Buratti - ex-secretário do ministro Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto -, que colaborou com a Justiça, não teve a prisão solicitada. Os 22 volumes do inquérito serão remetidos ao juiz da 3ª Vara Criminal, Paulo César Gentile. Ele enviará os documentos aos promotores do Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco).

O delegado indicou que, se os demais acusados colaborarem, os pedidos de prisão podem ser revogados. "Se ainda comparecerem, podemos comunicar ao juiz que apareceram espontaneamente, o que eu não acredito que ocorra", ponderou.

A polícia investigou um esquema que teria fraudado licitações para coleta de lixo em diversas cidades do interior de São Paulo e em Minas. Valencise destacou que foram descobertos o mapa da propina paga a agentes públicos e políticos, presentes a integrantes de comissões de licitação e conversas sobre conluios, gravadas com autorização da Justiça.

Valencise lembrou também que a polícia encontrou um edital de coleta de lixo, da prefeitura de Matão, feito pela Leão Leão. Havia mais indícios de irregularidade.

RELATÓRIO

O relatório final do inquérito, de nove páginas, chegará hoje ao Fórum. Gentile terá um prazo para analisar, mas antes deverá aguardar uma posição dos promotores do Gaerco, inclusive se eles endossam ou não os pedidos de prisão preventiva.

O delegado entende que as prisões se justificam porque os ex-diretores podem ainda atrapalhar as investigações. "Temos provas evidentes do crime de formação de bando ou quadrilha em várias cidades do Estado de São Paulo", assegurou.

"Temos ainda o clamor público existente no País, visto em vários jornais. Uma verdadeira comoção pública repudiando esses tipos de crimes de corrupção que vêm assolando o País", comentou o delegado, sobre as suas conclusões no inquérito.

"Isso é para garantir a ordem pública, pois, se não houver punição e apuração rápidas, com bastante rigor, provocará descrédito das instituições, de quem apura, de quem julga, de quem acompanha todo o processo", completou Valencise.