Título: Foco de campanha será a população negra
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2005, Vida&, p. A22

INICIATIVAS: A campanha do Dia de Luta contra a Aids, em 1.º de dezembro, terá como tema neste ano a população negra. Embora as estatísticas ainda sejam poucas, especialistas identificam uma tendência de aumento da doença nesse grupo, principalmente do sexo feminino. Não se trata de maior vulnerabilidade biológica, observam. O problema está relacionado às dificuldades socioeconômicas. Todos os indicadores mostram que a população negra ganha menos, mesmo que tenha o mesmo nível de escolaridade. A desigualdade cresce em relação às mulheres negras. Num período de quatro anos, já é possível ver as diferenças. Em 2000, o Boletim Epidemiológico mostrava que 65,5% dos pacientes diziam ser brancos. Entre as mulheres, esse percentual era um pouco menor: 63,9%. Em 2004, com dados notificados até junho, 62% dos homens diziam ser brancos. Entre mulheres, o índice foi de 56,7%. Ou seja, nos dois grupos, houve uma redução do número de pacientes que se declararam brancos. No grupo que se definiu como preto ou pardo, ocorreu um fenômeno inverso. Em 2000, os homens responderam por 33,4% dos casos registrados com a variável raça/ cor. Já as mulheres que se disseram pretas ou pardas responderam por 35,6%. Em 2004, com dados notificados até junho, o percentual entre os homens subiu para 37,2% e entre as mulheres, para 42,4%. Falhas na dosagem ou no horário de ingestão de anti-retrovirais aumentam o risco de o paciente soropositivo ter doenças oportunistas ou desenvolver resistência aos medicamentos. Para tentar vencer o problema, a Sociedade Brasileira de Infectologia está lançando o Manual de Boas Práticas de Adesão HIV/AIDS. O livro de bolso será distribuídos para as unidades de tratamento de soropositivos.