Título: Investimento chega a 19,9% do PIB
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

A taxa de investimento no País chegou a 19,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano. É a maior taxa desde 2001 para o mesmo período e pouco abaixo dos 20,2% do segundo semestre do ano passado. O dado foi revelado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também divulgou o PIB do primeiro semestre, de R$ 918,6 bilhões, dos quais R$ 183,1 bilhões em investimentos.

Depois de duas quedas trimestrais sucessivas, os investimentos voltaram a ter crescimento real - de 4,5%, descontada a inflação - no segundo trimestre, ante o primeiro, conforme divulgado pelo IBGE no fim de agosto.

O desempenho dos investimentos e da indústria - de 3% de crescimento, na mesma comparação - levaram à expansão de 1,4% do PIB de abril a junho, ante os três meses anteriores.Para o terceiro trimestre, a expectativa dos analistas é de desaceleração. O economista da LCA Consultores Bráulio Borges projeta 0,7% de crescimento ante o segundo trimestre.

Segundo Borges, a base de comparação de abril a junho é alta. Para 2005, a LCA espera crescimento de 3,5%. O Instituto de Economia da UFRJ manteve projeção mais alta, de 3,7%, em boletim recém-divulgado.

A consultoria LCA espera taxa de investimentos em torno de 20% este ano. A estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para a taxa é de 20,6% em 2005 e 21,2% em 2006.

Para o Ipea, a taxa deve crescer um ponto porcentual ao ano e liderar o crescimento. Cláudia Dionísio, da coordenação das contas nacionais do IBGE, conta que "o investimento, em termos nominais, cresceu acima do PIB (no segundo trimestre)", o que eleva a taxa.

Ela informou que, sem descontar a inflação, enquanto a economia cresceu 10% no segundo trimestre - ante o mesmo período em 2004 -, o valor dos investimentos subiu 16%. Com isso, a taxa de investimento, que no segundo trimestre do ano passado foi de 19%, subiu para 19,9% este ano, mais alta para o mesmo período dos anos anteriores desde 1997 (20,4%). Já a taxa de poupança no segundo trimestre foi de 24%, pouco abaixo dos 25% do período de 2004, porque o consumo das famílias e do governo subiram, resultando em menos poupança.

Ontem, o IBGE apresentou o conjunto das riquezas do País, dividido por demanda e setores. Pela demanda, o consumo das famílias somou R$ 515,8 milhões e o do governo, R$ 162,5 bilhões. Exportações de bens e serviços totalizaram R$ 156,8 bilhões; importações, R$ 117,7 bilhões - esses valores entram com sinal negativo na conta porque representam riquezas criadas em outros países - e variação de estoques, R$ 14,2 bilhões.

Pelo lado dos setores, o PIB dos serviços somou R$ 462 bilhões no primeiro semestre; o da indústria, R$ 321,6 bilhões; e agricultura, R$ 78,1bilhões.

A técnica do IBGE também explicou que houve redução de R$ 9,6 bilhões na capacidade de financiamento da economia no segundo trimestre de 2004, para R$ 5,9 bilhões no mesmo trimestre de 2005, acompanhando a redução do saldo de exportações de bens e serviços.

De forma geral, a capacidade de financiamento equivale ao saldo em conta corrente no balanço de pagamentos. Com o bom desempenho do setor exportador, o País deixou de ter necessidade de financiamento a partir de 2003.

Ainda no segundo trimestre deste ano, o País registrou captação líquida positiva de R$ 5,7 bilhões, principalmente por causa do crescimento dos investimentos diretos no País. Foram R$ 12,6 bilhões no trimestre, informou a técnica Adriana Berenguy.