Título: Pesaro fala de albergues, mas não convence entidades
Autor: Bárbara Souza
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2005, Metrópole, p. C1

Para tentar reverter a imagem de "higienista"que o governo José Serra (PSDB) ganhou nos últimos dias ao adotar ações polêmicas em relação aos sem-teto no centro, o secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, reuniu-se ontem com entidades ligadas à população de rua. O encontro foi uma determinação do prefeito, em viagem à Colômbia. "Foi bastante positivo para mostrar o que está sendo feito. O prefeito não queria que as informações começassem a circular como boatos, como vem sendo feito", avaliou Pesaro. Para as entidades, não foi bem assim. "Ele não garantiu que ao desativar os albergues com capacidade para mais de 150 pessoas no centro, as vagas serão transferidas para unidades na mesma região", afirmou a coordenadora da Associação Minha Rua Minha Casa, Rosana Brunetti. "Ele explicou que isso pode não ocorrer pela dificuldades em encontrar imóveis adequados no centro."

O padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua, disse que pouco foi esclarecido sobre a política social a ser colocada em prática nos próximos anos. "Ouvimos mais um discurso moralista de quem não admite críticas do que planos concretos para a área social."

O embate entre entidades ligadas aos sem-teto e Prefeitura começou na semana passada, quando a Subprefeitura da Sé construiu rampas sob o túnel entre as Avenidas Paulista e Doutor Arnaldo para impedir que moradores de rua dormissem no local. Dias depois, veio à tona um plano de reestruturação dos albergues que prevê a desativação de grandes unidades no centro, sem a garantia de que essas vagas serão substituídas por outras no mesmo bairro.

O secretário reiterou ontem o compromisso de criar mil novas vagas em albergues na cidade - hoje são 6.700 - e abrir albergues em bairros como Santana, zona norte, Pinheiros, Lapa, zona oeste, Belém, zona leste, Santo Amaro, Vila Mariana e Ipiranga, zona sul, onde, segundo ele, há uma população de rua expressiva.