Título: Polícia prende 5 no caso BC e recupera R$12 bi
Autor: Carmen Pompeu
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2005, Metrópole, p. C4

A Polícia Federal prendeu mais cinco homens ontem, em Fortaleza, e recuperou cerca de R$ 12 milhões dos R$ 164,7 milhões furtados do Banco Central entre os dias 5 e 6 de agosto. O dinheiro ainda estava envolto por lacres do BC e separado em maços de R$ 5 mil. A maior parte estava dentro de um piso falso em um dos quartos da casa de número 1.950, da Avenida Presidente Costa e Silva (conhecida como Perimetral), no bairro Modumbim. De acordo com o superintendente da PF No Ceará, João Batista Paiva Santana, os cinco homens usavam documentos falsos e suas verdadeiras identidades ainda não haviam sido descobertas até o início da noite de ontem. Um dos presos é cearense. Os outros são de São Paulo e de Minas Gerais. Todos continuavam na casa e estavam sendo interrogados pelos policiais até as 20 horas.

Hoje, de acordo com Santana, eles deverão ser apresentados à imprensa. O superintendente disse ainda que o dinheiro foi levado diretamente para a sede do BC.

Conforme depoimento de vizinhos, a casa foi comprada pelo grupo há quase dois meses. Passou por uma reforma há pouco mais de um mês. Além dos homens, três mulheres - uma idosa, outra mais moça e uma outra grávida - também eram vistas no local. A PF, no entanto, não confirma essa informação que foi divulgada por moradores da avenida.

Os policiais que participavam das investigações que levaram até a casa em Fortaleza já seguiam os suspeitos havia cerca de um mês. Os investigadores acreditam que eles se preparavam para fugir, pois já estavam separando o dinheiro para deixar o local rapidamente. Algumas passagens aéreas e de ônibus já haviam sido compradas pelo grupo.

APREENSÃO

No local, foram apreendidos três carros. Uma picape Montana, placas MZF-3712 , de Mossoró (RN); uma Pajero DMX-6297, de Santana de Parnaíba (SP), e uma Kombi, cujas placas não foram divulgadas. Um desses veículos, segundo a PF, ligaria o grupo ao dono da J.E. Transportes, José Charles Machado de Morais, preso no dia 10 de agosto na localidade de Curvelo (MG), com um caminhão-cegonha no qual estavam três carros carregados com R$ 5 milhões roubados do BC.

O próprio superintendente da PF do Ceará admite ser remota a possibilidade de todo o dinheiro roubado do banco ser recuperado. "Mas estamos trabalhando para isso", comentou. De acordo com Santana, a partir do depoimento desses cinco presos outras investigações serão feitas. Parte dos policiais que integravam a ação trabalha na prisão de outras pessoas envolvidas no crime.

O furto do cofre do Banco Central só foi descoberto no dia 8 de agosto, uma segunda-feira, quando funcionários voltaram para o trabalho e encontraram um buraco no piso do cofre.

Ele levava a um túnel de aproximadamente 80 metros de extensão que partia dos fundos da sede de uma falsa empresa, a Grama Sintética. A ação criminosa é considerada a maior já realizada no Brasil contra bancos.