Título: 'PSOL abriga quem não se vende¿, diz Heloísa
Autor: Wilson Tosta João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Nacional, p. A4

Fundadora do partido festeja momento, mas diz que 'travessia política' está só começando

Criado pela senadora Heloisa Helena (AL) e outros parlamentares expulsos do PT em dezembro de 2003, o PSOL ao que parece terminou virando a opção para os petistas descontentes com os rumos do partido e do governo. Na semana passada, a Justiça Eleitoral conheceu o registro do Partido Socialismo e Liberdade, o PSOL. Com o nome bem colocado nas pesquisas para eleição de presidente da República no ano que vem, Heloisa Helena festeja o momento, mas diz que a "travessia política" está apenas começando.

A senhora fica orgulhosa vendo seu partido como alternativa aos descontentes do PT?

Não, ao contrário. Eu acredito que a humildade faz o momento. Eu digo sempre que a luta pelo socialismo é uma travessia no deserto. Cabe a nós sabermos acolher com generosidade todos os peregrinos andarilhos que se dedicam à causa do socialismo e da liberdade. Até porque essa travessia no deserto, que é uma luta da esquerda socialista democrática, não se inicia nem se encerra com um ou outro partido.

O PSOL então é a nova opção da esquerda?

Eu diria que é um abrigo para a esquerda socialista democrática, que não se vende para ser aceita no convescote do capital. É uma opção em 2006 para os que não quiserem se aliar ao neoliberalismo do PSDB ou ao neoliberalismo do PT.

Quais são os planos imediatos para o partido após ser legalizado?

Vamos iniciar um grande foro de debate nacional, da construção de uma justiça social para o Brasil. Temos a certeza que não ficaremos num dilema sobre os caminhos a seguir, vamos construir uma nova alternativa.

O crescimento do partido pode levar à retirada de seu nome da disputa presidencial para se fortalecer no Congresso?

Todos sabem que eu não movo meus passos pelas conveniências eleitorais. Nunca pautei minha vida pelo carreirismo ou oportunismo. Estou à disposição do partido para qualquer tarefa. Sei que a eleição presidencial é uma tarefa de alta complexidade com poucas chances de vitórias, mas, se for necessário a disponibilização de meu nome, farei isso com muita alegria e combatividade. Se houver um outro nome que melhor represente a alternativa de justiça social, estarei engajada da mesma forma.