Título: Renan nega traição e diz que Temer `não decolou¿
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Nacional, p. A7

Senador afirma que até trabalhou pelo candidato, mas ele não decolou

Depois de três dias de silêncio, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), respondeu ontem às críticas do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que o acusara de adotar "comportamento político reles" na sucessão da Câmara. Temer referiu-se ao apoio de Renan à candidatura do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), depois de tê-lo lançado na disputa pelo PMDB. Segundo Renan, não houve traição. O problema é que a candidatura de Temer não decolou. "Eu trabalhei para alargar os apoios à candidatura de Michel dentro e fora do PMDB. Se não ampliou, paciência; não foi por falta de tentativa", defendeu-se o presidente do Senado, ao "lembrar os contatos feitos no PSDB, PFL, PT e também na ala peemedebista mais hostil ao presidente do partido". Renan disse que pediu votos até a pessoas que não tinham "muita simpatia" por Temer, e que ainda assim o deputado não ampliou os apoios. "E quando você não tem condições de ampliar, é preciso entender o processo em sua plenitude. Não dá para procurar culpados."

Peemedebistas da ala da oposição insistem em classificar como "traição" o apoio do grupo governista a Aldo. Mas os aliados de Renan contestam. Dizem que primeiro houve o veto do Palácio do Planalto à candidatura, já que o presidente Lula não considera Temer um nome de sua confiança a ponto de trabalhar para fazê-lo presidente da Câmara, acumulando a presidência do PMDB. Além disso, sua situação teria se agravado depois de o PSDB ter aderido à candidatura de José Thomaz Nonô (PFL-AL).

"Mas quem traiu o Temer foi o PSDB, que lhe negou apoio, e não nós", destacou o deputado José Priante (PMDB-PA). À frente da campanha de Aldo, Priante é outro que defende a tese de que Temer inviabilizou-se pelas circunstâncias, já que ao governo e ao PSDB não interessava fortalecer tanto o PMDB às vésperas das eleições de 2006.