Título: Nonô 'prefere' Aldo no 2.º turno e faz boa vizinhança com esquerda
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Nacional, p. A7

Candidato do PFL e do PSDB jura que tem boa relação com Lula e que chamá-lo de perigoso é apenas truque dos adversários

Candidato da oposição à presidência da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL) dá como certa que a eleição para a Mesa Diretora será em dois turnos. Convencido de que tem grandes chances na disputa, Nonô prefere enfrentar o candidato governista, Aldo Rebelo (PC do B-SP), que considera chamuscado pelo rótulo de governista e sem capacidade de atrair votos. Para avançar sobre os partidos de esquerda ou governistas, ele diz ter outros artifícios. Uma fotografia, em que aparece por inteiro abraçando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a inauguração do aeroporto de Maceió, tem sido a arma secreta para exorcizar o fantasma de que, uma vez no comando da instituição, estariam abertas as portas para um eventual pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A foto, tirada em Maceió, a contragosto do presidente do Senado e adversário paroquial, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem sido apresentada discretamente por Nonô como uma prova de que ele e Lula têm uma relação política civilizada.

Essa tem sido a principal dificuldade do pefelista. Nonô avalia que o objetivo desse rumor, que ele qualifica como "plantação", era o de criar obstáculos para sua candidatura nos partidos que apóiam o governo. E o nome de Nonô já vem encontrando resistências e não tem seduzidos os setores mais fisiológicos. "Eu gosto do Nonô, mas vou votar no candidato do governo", avisou o deputado José Divino (PMDB-RJ).

TELEFONE

Quem visita o gabinete de Nonô se impressiona. Mesmo depois de passar mais de um dia ao telefone, ele ainda insistia em continuar ligando para convencer os deputados a apoiarem seu nome. Nem mesmo o repentino fortalecimento da candidatura de Ciro Nogueira (PP-PI), que conta com o apoio dos partidos atingidos pela denúncia do mensalão, assustou Nonô.

Ele já disparou mais de 300 telefonemas e acredita que a conversa com cada um dos deputados é a melhor maneira de conquistar os seus votos. "As coisas não poderiam estar melhores. Já falei com mais de 300 colegas e em 23 anos de Congresso eu sei que o que vale não são as contas partido a partido, mas o contato individual com cada deputado", comentou.

Nem mesmo a tentativa de o governo liberar R$ 500 milhões em emendas do orçamento tem tirado a tranqüilidade do pefelista. "Eu não sou contra a liberação de emendas, porque sei que isso é muito importante para os deputados", destaca, em tom conciliador.

Mais do que isso, Nonô parece seguro com os números que dispõe até agora. Embora evite cantar vitória antes da hora, percebe que as chances de sua candidatura chegar ao segundo turno são grandes. "Eu tenho a cabeça compartimentada. Claro que eu gostaria de ganhar no primeiro turno, mas a realidade indica que essa eleição poderá ser decidida em dois turnos, o que tenho que fazer é trabalhar para chegar lá."