Título: Candidato do governo promete apressar mudanças para eleição do ano que vem
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2005, Nacional, p. A6

Depois de passar o dia contabilizando votos, o candidato à presidência da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP) avisou que, se eleito, tentará votar quinta-feira o projeto aprovado pelo Senado para reduzir custos e aumentar a transparência da campanha eleitoral de 2006. "Isso é urgente e tem relação com os acontecimentos atuais", afirmou, numa referência às denúncias de uso de caixa 2 nas campanhas. Os articuladores da candidatura de Aldo Rebelo, que tem apoio de seu partido, do PT e do PSB, avaliavam que ele terá 180 votos e já começaram as negociações para o segundo turno. "Tenho certeza de que vamos ter o apoio dos diversos partidos da base aliada no segundo turno", disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES). De manhã, ele, Aldo, e os líderes do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), do PT, Henrique Fontana (RS), e do PC do B, Renildo Calheiros (PE), fizeram um balanço da campanha. Dissidências no PT e no PSB são esperadas, mas o candidato espera ter 42 votos do PMDB. A expectativa é de que esse número suba para 64 se Michel Temer (PMDB-SP) retirar sua candidatura.

Após telefonar para mais de 60 deputados, Aldo foi pessoalmente à reunião da bancada do PT para aparar resistências. O encontro estava dominado por integrantes do Campo Majoritário, vinculados ao Planalto, que o aplaudiram com entusiasmo.

Enquanto Aldo enfrentava o PT, seus aliados faziam contatos com líderes de outros partidos da base, como o PTB, já tentando articular apoio num segundo turno. Aldo telefonou também para o candidato do PP, Ciro Nogueira (PP-PI), com quem se encontrou casualmente depois de registrar a candidatura. "Quero lhe desejar boa sorte", disse a Nogueira, que também confia na sua vitória e não pretende compor com o governo.

Apesar do esforço, as dissidências no PT somam 8. No PSB, Aldo pode ter, no máximo, 23 dos 25 votos.

Em entrevista, ele tentou livrar-se da imagem governista e defendeu atuação independente no comando da Câmara. Para dissipar rumores, disse que sua candidatura está consolidada e não pedirá para nenhum outro candidato abrir mão da disputa.

Se eleito, seu objetivo, disse, é restaurar o ambiente de harmonia na Câmara, abalada desde a denúncia do mensalão. "Precisamos restabelecer o diálogo entre os partidos." Aldo prometeu que, se vencer, decidirá com isenção e dentro da lei um eventual pedido de impeachment contra o presidente Lula. "Naturalmente os critérios são jurídicos e será analisado com equilíbrio e responsabilidade", avisou.

Ele promete agir com isenção também no julgamento dos deputados acusados de receber mensalão, mesmo tendo sido testemunha de defesa do deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética. E preferiu não se antecipar sobre a possibilidade de os deputados acusados terem pena diferenciada. "Não cabe ao candidato tomar ares de juiz e sair por aí distribuindo sentenças", disse.