Título: Lula, em nota, elogia ´decisão soberana´
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2005, Nacional, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou com o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, e outros ministros, na Granja do Torto, a vitória do candidato do governo à presidência da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). Hoje, Lula e Aldo se reúnem no Palácio do Planalto. Lula, que estava 'felicíssimo e aliviado', segundo um de seus auxiliares, disse em nota que reiterava seu 'respeito pela decisão soberana' da Casa. 'Estou seguro de que continuaremos a manter - Legislativo e Executivo - um diálogo independente, construtivo e respeitoso, sempre voltado ao legítimo interesse da sociedade e ao aperfeiçoamento das instituições democráticas.' O presidente, que acabara de chegar de uma viagem à Bahia, acompanhou a eleição no Torto, pela TV.

No Planalto, a comemoração também foi grande. O ministro Jaques Wagner chorou 'de emoção' com a vitória e avisou que o Planalto ganhou a eleição 'sem vender a alma, nem vender o governo'.

'Não houve, como foi dito, rolo compressor, nem tráfico, nem ameaça, nem constrangimentos, nem tráfico de qualquer tipo de influência, mas convencimento', disse Wagner. 'A base entendeu que era hora de reagir a uma condenação prematura e indevida de nosso governo e que, diferente do que alguns achavam, nós não estamos mortos.'

Os últimos votos foram acompanhados em seu gabinete ao lado da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia. O chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, subiu do terceiro para o quarto andar do Planalto para cumprimentar Wagner assim que saiu o resultado. Também emocionado, ele comentou que 'o resultado era simbólico'. 'Mesmo que fosse por um voto, era importante.'

'BOM SINAL'

Wagner afirmou que a diferença de 15 votos no placar apertado 'é um bom sinal porque mostra que a Casa não quer ser nem governo, nem oposição'. Para o ministro, 'o novo presidente saberá entender que ele é o presidente de uma instituição e não deve ser a extensão do Planalto e nem o centro de articulação das oposições'.

Indagado se acreditava que a vitória da presidência da Câmara poderá reduzir a crise política e interferir nos trabalhos da CPI, respondeu: 'Não sei se é o fim da crise política, mas a CPI tem leito próprio.' E acrescentou: 'Não é essa vitória que vai determinar o funcionamento das CPIs, é o fato de que elas têm de investigar e concluir o seu trabalho.

' Para ele, 'agora, a base se fortalece e abre um novo momento para o presidente que, forte na economia, melhor agora na política'. O ministro disse também que 'essa vitória política complementa o resultado da área econômica', mas insistiu em que a vitória foi o resultado de um trabalho conjunto de toda a base, que entendeu que é hora de uni-la.

No Planalto, a avaliação é de que, a partir de agora, 'o governo ganhou fôlego político' e 'o pior já passou'.