Título: Grupo de Dirceu perde controle da Comissão de Ética
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2005, Nacional, p. A16

As eleições internas no PT tiraram do Campo Majoritário - grupo moderado que domina o partido, ao qual é ligada a maioria dos petistas citados no escândalo do mensalão - o controle sobre a Comissão de Ética da legenda. O Campo garantiu duas das cinco vagas. Articulação de Esquerda, Democracia Socialista e Movimento PT terão um representante cada. Caberá à comissão, que deve tomar posse até o fim do mês, avaliar novos processos contra parlamentares e dirigentes envolvidos no esquema de caixa 2 e nas denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson. Estão na lista o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, e outros 7 deputados, além de dirigentes em vários Estados. Uma comissão de sindicância controlada pelo Campo analisa cada caso e deverá recomendar ao Diretório Nacional, no dia 16, a abertura ou não de processos disciplinares na Comissão de Ética. Na mesma data, o partido deve votar, enfim, a expulsão do ex-tesoureiro Delúbio Soares. E a esquerda petista, com provável apoio do Movimento PT, tentará mais uma vez submeter os acusados à Comissão de Ética, independentemente dos pareceres da sindicância.

Hoje, o Campo tem a maioria das cadeiras na Comissão de Ética, assim como a presidência. "Os casos sob suspeita não estão encerrados e o Campo pode perder a presidência da comissão", diz Marlene da Rocha, integrante da Executiva Nacional do PT, ligada à Articulação de Esquerda. "A lógica das correntes nunca dominou a comissão, não teremos problema", afirma um dirigente do Campo Majoritário. "Além do que, o Diretório não vai mandar nenhum outro caso à Comissão de Ética", explicou o petista, certo de que a comissão de sindicância "não vai dar em nada".

A tese da esquerda - que tem o apoio do presidente interino, Tarso Genro - foi derrotada na última reunião do Diretório. A disputa em torno da depuração interna do partido, porém, permanece e deverá ser reeditada com a posse da nova direção da legenda.

ÉTICA: O PT paulista determinou que sua Comissão de Ética investigue as denúncias de fraude na eleição do partido em Pirituba, capital. Os casos de Capela do Socorro e Santo André serão analisados por uma comissão especial. Há denúncias de transporte de eleitores e compra de votos. O diretório julgou cerca de 30 recursos e não anulou nenhum voto no Estado.