Título: Situação econômica boa. Na aparência
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

Se o momento político provocou a queda do Brasil em 8 posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, divulgado ontem na Suíça, do ponto de vista econômico, a situação não é tão melhor como aparenta. Entre 117 países pesquisados, no índex de ambiente macroeconômico, o Brasil aparece na 79ª posição, superado pela Nigéria. Quanto à estabilidade macroeconômica, o País é o 81º; no que se refere à inflação, é o 83º.

O Brasil ainda ocupa a penúltima colocação no que se refere às taxas de juros e os empresários classificam o País como o pior no quesito eficiência do sistema de tributação.

Entre os pontos positivos, o levantamento indicou que o câmbio no Brasil foi o 8º mais competitivo do mundo.

Outro ponto positivo do estudo foi a ausência de um perigo terrorista, embora o custo do crime no País seja um dos mais altos do mundo.

No índice de potencial de crescimento, o País aparece na 65ª colocação, superado por países como Casaquistão e Gana.

Na classificação de melhor competitividade na área tecnológica, os brasileiros estão no 50º lugar; em competitividade empresarial, o 49º.

RECEITA

Para o Fórum Econômico Mundial, não basta o Brasil "simplesmente administrar um orçamento ou a macroeconomia". "Se um país quer ser competitivo, precisa ser vigilante e atacar várias frentes. O governo precisa agir rapidamente para enfrentar problemas em áreas importantes como a educação, infra-estrutura e o emprego", disse Augusto Lopez-Claros, economista chefe do Fórum Econômico Mundial.

No que se refere à educação, por exemplo, o País está em 97º na qualidade das escolas públicas.

OS MELHORES

A liderança no ranking é da Finlândia, seguida por Estados Unidos e Suécia. Os cinco países nórdicos conseguiram se consolidar como os melhores do mundo e estão todos entre os dez primeiros colocados, desafiando as teorias de que impostos altos minam competitividade.

Já os Estados Unidos estão na 2ª posição graças à sua capacidade de inovação. Uma classificação relativa apenas aos desequilíbrios econômicos colocaria o país na 47ª posição.

Os chineses, ao contrário do que poderia ser imaginado, caíram em competitividade e hoje ocupam a 49ª posição, em parte por causa da inflação.

O país latino-americano melhor colocado na classificação é o Chile que, segundo o Fórum, já apresenta instituições públicas com níveis equivalentes às da Europa. O Chile, na 23ª posição, está 31 lugares à frente do seguinte país latino-americano no ranking, o Uruguai. O Mercosul tem um dos países menos competitivos do mundo, o Paraguai, em 113º. Já a Argentina volta à classificação anterior à crise política de 2001 e ocupa a 72ª posição.