Título: Dresden pode definir governo alemão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2005, Internacional, p. A29

Eleição amanhã não mudará composição do Parlamento, mas terá impacto na disputa entre Angela Merkel e Gerhard Schroeder

Duas semanas depois das eleições gerais alemãs, os eleitores de um distrito de Dresden (leste da Alemanha) elegem amanhã seus deputados num pleito cujo resultado pode influir decisivamente na formação do novo governo alemão. Por isso, a líder democrata-cristã Angela Merkel e o chanceler social-democrata Gerhard Schroeder estão fortemente empenhados em conquistar os votos dos 219.397 eleitores inscritos na circunscrição 160 que abrange o centro daquela cidade alemã. Eles não puderam votar no dia 18 porque um dos candidatos a deputado pela região, Kerstin Lorenz, morreu e a comissão eleitoral alemã decidiu adiar a votação. Essa circunscrição representa 0,35% do conjunto do eleitorado alemão e não terá conseqüência sobre a atual composição do Parlamento alemão que dá uma vantagem apertada de 3 cadeiras aos democrata-cristãos sobre os social-democratas - 225 a 222. Mas os analistas são unânimes em afirmar que o resultado da eleição de Dresden será um importante fator psicológico.

O partido que vencer ali, democrata-cristão ou social-democrata, sairá fortalecido para indicar o futuro chanceler alemão. Os social-democratas do SPD e os democrata-cristãos da aliança CDU-CSU estão negociando a formação de uma grande coalizão. Um acordo só não saiu ainda por um detalhe: a quem caberá a tarefa de governar a Alemanha? Schroeder alega que o eleitorado alemão deu nas eleições do dia 18 uma clara indicação de que deseja que ele permaneça no cargo. Merkel contesta, argumentando que tem esse direito como líder da aliança vencedora do pleito, apesar da vantagem insignificante.

Vários analistas políticos alemães acreditam que quem vencer as eleições de amanhã será chanceler.Schroeder e Merkel visitaram ontem o centro de Dresden e mantiveram contatos com moradores da região. A líder democrata-cristã chegou a fazer um discurso. Pelos social-democratas, falou Franz Muentefering, presidente do SPD. As pesquisas em Dresden apontam empate técnico. O democrata-cristão Andreas Laemmel obteria 32% dos votos, enquanto sua adversária social-democrata, Marlies Volkmer, 30%.

O centro de Dresden foi a região da cidade mais afetada pelas inundações de 2002. E a vigorosa e rápida atuação pessoal de Schroeder para socorrer e remover os flagelados foram fatores preponderante para a vitória dele sobre os democrata-cristãos nas eleições gerais daquele ano.

Schroeder espera repetir a façanha. Ele estaria esperando o resultado do pleito de amanhã para decidir seu futuro político. No caso de derrota ele se retiraria, estimam os analistas, e seu lugar seria ocupado por Muenfering. Se essa hipótese se confirmar, Merkel ocuparia a chancelaria e Muenfering seria vice-chanceler.

Muenfering nega essa possibilidade. Ele assegura que quem vai decidir sobre uma coalizão com os democrata-cristãos e se Schroeder deve desistir ou não do cargo de chanceler é um congresso partidário -- a ser convocado para debater a questão. Mas o jornal Sueddeutsche Zeintung acha que Schroeder vai aproveitar o 3 de outubro, quando o país comemora o 15.º aniversário da unificação da Alemanha, para abdicar