Título: Vítima de bala perdida, pedreiro só quer justiça
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2005, Metrópole, p. C1,3

Uma bala perdida tirou a visão de um dos olhos do pedreiro Edson Satelis, de 46 anos. Em setembro de 2003, ele foi surpreendido no caminho de casa por uma perseguição policial. ¿Só fui perceber que havia levado o tiro quando um amigo, que estava comigo na hora, me avisou¿, disse Satelis. Mesmo depois de ter sentido na pele o poder de uma arma de fogo, ele também concorda com o que foi apontado na pesquisa: existem questões mais importantes a serem consideradas além de simplesmente tirar as armas da população. ¿Quando fui ferido, fiquei mais de 68 horas com a bala no corpo porque não havia leito no hospital. Tive de ser transferido e, só depois, fui operado¿, lamentou.

Para Satelis, assim como a arma, a impunidade também incentiva a ação de criminosos. ¿Até hoje não consegui fazer a perícia na bala para saber de que arma ela partiu, se do criminoso ou do policial. Ninguém foi punido e, mesmo cego de um olho, eu tenho de continuar trabalhando para sustentar minha família¿, contou. Segundo ele, é preciso mais justiça. ¿Caso contrário, o desarmamento não adianta.¿