Título: Para 76%, arma deve ser proibida
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2005, Metrópole, p. C1,3

Mas a pesquisa do Instituto Ipsos aponta que entrevistados crêem que medida não é a mais importante no combate ao crime

Para 76% das pessoas ouvidas em pesquisa nacional do Instituto Ipsos, em prévia do referendo do dia 23, a venda de armas e munição deve ser proibida. Outros 21% votaram contra a proibição e 3% não souberam responder ou não opinaram. Feita entre mil pessoas, no período de 25 a 29 de agosto, a pesquisa revela que o brasileiro é favorável à proibição do comércio de armas de fogo, mas acha que a medida não é a mais importante no combate à criminalidade. Mais eficiente, acreditam os entrevistados, seria aumentar o número de policiais nas ruas, gerar empregos, endurecer as leis penais, combater a corrupção e melhorar a educação. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais. Pesquisas de outros institutos já apontaram resultados semelhantes.

"Os números mostram que a população tem a mesma opinião dos especialistas: as políticas sociais trazem mais resultados no combate à violência", diz o diretor-geral do Instituto Ipsos, Clifford Alexander Young.

Na primeira parte da pesquisa, perguntou-se qual a melhor solução para resolver o problema da violência. Havia 13 opções. As pessoas votaram em três itens, por ordem de importância. Quando computados apenas os dados das opções citadas em primeiro lugar, "aprovar a lei do desarmamento para todas as pessoas" ficou na 11ª posição - 4% dos entrevistados acham que essa deve ser a política de segurança prioritária.

A medida vencedora foi aumentar o policiamento - 21% dos entrevistados fizeram essa opção. Na soma das três escolhas, o "desarmamento" caiu para 12º lugar. O item eleito como mais importante foi a geração de empregos. Nas duas situações, as pessoas que mais votaram pela proibição da venda de armas têm de 16 a 34 anos, colegial completo ou incompleto, pertencem à classe C e são das regiões Nordeste e Sul.

Para o presidente do Movimento Viva Brasil, Bene Barbosa, embora o desarmamento venha sendo colocado, desde 1997, como solução em segurança, está cada vez mais claro para a população que há investimentos mais importantes. "Se o Estado estiver presente na vida da população com emprego, educação e saúde, menos criminosos serão formados."

O presidente do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, também dá razão aos entrevistados. "O desarmamento é uma das medidas num grande pacote de segurança. A idéia de que a violência se resolve num passe de mágica não é nossa, é de quem diz que arma resolve."

Ele disse que as instituições que defendem o fim da venda de armas têm projetos sociais. "O Sou da Paz e o Viva Rio, por exemplo, criaram programas para incentivar a polícia e levar esporte, cultura e lazer para a periferia. O que o pessoal do lobby das armas faz?"