Título: Executiva do PT analisa se concede perdão a deputados
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2005, Nacional, p. A6

Cinco parlamentares suspensos podem see beneficiados pela medida

A Executiva Nacional do PT se reúne hoje em São Paulo, aliviada com a vitória do candidato do governo, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), à Presidência da Câmara, e com o "arrefecimento" da crise - que há quase quatro meses assola a legenda petista e atormenta o Palácio do Planalto. O encontro será o último antes da definição do futuro presidente da legenda - o segundo turno da eleição interna será no domingo, dia 9. Os 21 integrantes da cúpula partidária vão discutir a conjuntura política do País e avaliar a primeira etapa do Processo de Eleição Direta (PED), que levou mais de 300 mil filiados às urnas no mês passado. Alguns recursos impetrados pelos candidatos que se sentiram prejudicados no primeiro turno da disputa também serão analisados hoje. A direção do PT informa que não haverá alteração nos resultados. A agenda inclui ainda a análise de proposta do líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS). Na sexta-feira, Fontana encaminhou carta ao presidente interino do PT, Tarso Genro, na qual solicita perdão a cinco deputados que estão suspensos da bancada federal.

Dos cinco deputados "indisciplinados", quatro - Walter Pinheiro (BA), Dra. Clair (PR), Paulo Rubem (PE) e Mauro Passos (SC) - estão suspensos porque em junho votaram contra a proposta do governo de elevar o salário mínimo para R$ 260. O quinto parlamentar que não seguiu a orientação da bancada, e por isso está suspenso, é Virgílio Guimarães (MG). Ele desafiou a direção do partido e saiu candidato avulso para presidente da Câmara em fevereiro passado. Todas as punições foram administradas antes do início da crise do mensalão.

Na carta encaminhada a Tarso, Fontana argumenta que o momento vivido pelo PT "está repleto de gestos e movimentos onde a tônica é o empenho pela reconstrução partidária". Traduzindo: o PT se sensibilizou com a atitude dos cinco parlamentares que, mesmo suspensos, não aproveitaram o momento adverso da sigla para se transferir para outro partido. Com o troca-troca partidário, o PT viu sua bancada diminuir de 91 para 83 deputados. A proposta de perdão de Fontana é bem-recebida por alguns integrantes da Executiva. "O fato de os deputados terem ficado no PT é uma demonstração de companheirismo com o partido", defendeu o secretário de Mobilização, Francisco Campos. "Sou favorável ao perdão", acrescentou ele, referindo-se os suspensos por terem votado contra o aumento do mínimo.

Já em relação à Virgílio , a situação é diferente, segundo Campos. "O caso do Virgílio é outro. Tem de ser estudado à parte", afirmou ele, lembrando que pesa contra Virgílio o fato de ter declarado voto no deputado Luiz Eduardo Fleury Filho (PTB-SP), e não em Aldo, o candidato do governo.