Título: Para Fiesp, insucesso serve de lição para o governo
Autor: Paulo Vicentini
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2005, Economia & Negócios, p. B1

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defendeu ontem a imediata regulamentação de salvaguardas pelo governo brasileiro contra os produtos da China, como conseqüência do fracasso nas negociações entre os dois países para o acordo de restrição voluntária das exportações de produtos chineses. Em nota oficial, a entidade paulista destacou que o insucesso das negociações entre os dois países serve de lição para o governo do Brasil. Após reuniões nos últimos dois dias com representantes do governo chinês, em Pequim, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, saiu do encontro ontem sem um entendimento, dado antes como praticamente certo na questão da restrição voluntária.

Furlan se reuniu com o ministro do Comércio da China, Bo Xilai, e esperava um acordo para que os chineses estabelecessem cotas de exportações de produtos como têxteis, calçados, brinquedos e pneus, que, em razão dos baixos preços, provocavam perda da competitividade dos produtos brasileiros no País e desagradavam o setor industrial. Apesar do fim das conversações em Pequim, os dois países ainda mantêm as negociações abertas.

Na nota oficial, a Fiesp ressalta as diferenças econômicas de ambos os países e destacou que a história do relacionamento recente entre Brasil e China tem sido marcada "por uma sucessão de erros, decorrente da confusão entre as agendas política e comercial externas brasileiras", com destaque para a decisão de reconhecer o país como economia de mercado.

"O grande líder e mentor das transformações econômicas na China, Deng Xiaoping, já dizia não ser importante se o gato é preto ou branco, mas que ele mate ratos. Basta de erros", finaliza a Fiesp.