Título: Apreensão reduz crime, diz pesquisa
Autor: Fabiana Cimieri
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2005, Metrópole, p. C8

Quanto menos arma, menos crime. A média mensal de homicídios intencionais no Rio caiu de 700 para 500 de 1991 a 2005, período em que a apreensão de armas aumentou sete vezes - a média mensal saltou de 100 para 700. Essa foi a principal conclusão de um estudo do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), encomendado pela Frente Parlamentar Brasil Sem Armas da Assembléia. A apreensão de armamentos se acelerou a partir de 1996, quando foram criadas leis estaduais dificultando o comércio e a obtenção do porte. Para o sociólogo Michel Misse, coordenador da pesquisa, o aumento nas apreensões mostra que a polícia, apesar de suas deficiências, está desarmando os bandidos.

"Perdemos o primeiro round da campanha porque não desconstruímos esses argumentos do não (da frente que defende a manutenção do comércio de armas no referendo do dia 23)", avaliou o deputado estadual Carlos Minc (PT). Ele disse que usará a pesquisa na propaganda pelo desarmamento. "O que dizemos é que um número significativo, mas que ainda não havia sido quantificado, de mortes poderia ter sido evitado com a proibição", afirmou, referindo-se a casos de violência interpessoal, nos quais vítima e autor se conhecem.

A pesquisa analisou 880 casos dessa categoria, em que, segundo Minc, as vítimas poderiam ter sido poupadas. Concluiu que em 228 deles (26%), a facilidade de acesso a uma arma de fogo foi o motivo principal do crime. Um caso citado aconteceu em 15 de novembro de 2003, quando uma adolescente de 16 anos achou uma espingarda num matagal. A arma disparou por acidente e matou a irmã da garota, de 14 anos.

A pesquisa também analisou os latrocínios (roubos seguidos de morte) ocorridos no período. Foram 879, entre casos consumados e tentativas. Das 126 vítimas (14,3% do total) que reagiram com uma arma de fogo, 46% foram mortas.