Título: Professor Luizinho e Rocha negam renúncia
Autor: Cida Fontes e Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2005, Nacional, p. A4

No encontro de quatro horas com a bancada do PT na Câmara, ontem, o presidente Lula cobrou atitude mais ofensiva e enérgica no embate com a oposição para que consiga retomar o projeto de reeleição, em 2006. Lula alertou que governadores e prefeitos adversários estão se apropriando de obras do governo federal nos grotões e capitais. "Se os governistas não se apoderarem dos avanços da política econômica e até social, a oposição fará isso. Temos de fazer menos críticas aos problemas do governo e falar mais das coisas boas", advertiu. Na avaliação do presidente, a crise política deixou a bancada "apática" e é preciso "energia" para reverter os desgastes e recuperar a imagem do PT na sociedade, sobretudo num ano pré-eleitoral. "A solução da crise política passa pela bancada do PT", disse Lula, ao cobrar unidade. "Temos de nos afinar. O partido não pode ser surpreendido pelos adversários em 2006."

Lula reclamou que alguns governadores jogam culpa no Planalto por problemas de responsabilidade dos Estados. Criticou especialmente o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), o ex-governador mineiro Itamar Franco e até o ex-governador petista do Rio Grande do Sul Olívio Dutra. "Eles usaram dinheiro das estradas para pagar funcionários e as estradas nesses Estados estão ruins."

Com discurso de candidato, Lula levou à reunião o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para deixar claro que não aceita mais críticas à política econômica.

O presidente ouviu as costumeiras reclamações sobre o tratamento dos ministros à bancada. "Se o ministro não receber, abram a porta e falem com ele", aconselhou. "O pior momento da crise já passou", afirmou.

CABISBAIXOS: Os seis deputados petistas citados nas denúncias de corrupção chegaram cabisbaixos ontem ao Palácio do Planalto. Ex-homem forte do governo, o deputado José Dirceu (SP) preferiu entrar e sair pela garagem. Professor Luizinho (SP) chegou correndo pelo hall de entrada e foi alcançado por jornalistas no elevador. "Não vou renunciar, minha presença na reunião com o presidente só seria constrangedora se eu não tivesse sido eleito", disse.

O deputado Paulo Rocha (PA) também negou que renunciará. Ressaltou que já explicou os R$ 920 mil que recebeu de Marcos Valério. "Foi uma intermediação entre o PT nacional e o PT do Pará. Não houve crime, só irregularidade partidária."

Na reunião, Dirceu nada falou. Cumprimentou Lula como todos os outros 65 deputados, trocando palavras formais. O único citado nas denúncias que não compareceu ao encontro foi Josias Gomes (BA).