Título: Tarso Genro acha que acordo prejudica o PT
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2005, Nacional, p. A6

Pelo menos dois terços da nova direção nacional do PT deverão negar legenda em 2006 para os deputados do partido que eventualmente renunciem ao mandato para escapar da cassação. A estimativa é do presidente interino do PT, Tarso Genro, primeiro a defender a tese, antes mesmo da apresentação do relatório conjunto das CPIs dos Correios e do Mensalão que recomendou a abertura de processo de cassação contra 18 parlamentares de vários partidos. Dois deputados já renunciaram, Valdemar Costa Neto (PL-SP) e Carlos Rodrigues (PL-RJ); 7 petistas estão ameaçados de cassação e a conseqüente perda dos direitos políticos. Tarso disse duvidar da existência de um acordo entre o PT e os deputados para que eles renunciem, atenuando a crise política, e sejam novamente candidatos no ano que vem. Pouco antes, porém, não descartou a hipótese. "Se tem esse acordo que já garante previamente a apuração de responsabilidades, inclusive interna do PT, para oferecer legenda, é um acordo que vai no sentido totalmente contrário ao que o partido está construindo para sua renovação", afirmou Tarso Genro.

Todos os dirigentes do partido presentes ontem ao debate entre os presidenciáveis petistas afirmaram desconhecer qualquer acerto em favor dos parlamentares, como o secretário de Formação Política, Joaquim Soriano, e o terceiro vice-presidente, Valter Pomar.

"Nossos parlamentares devem participar de todo o processo de averiguação, assim vamos deixar transparente o nível de responsabilidade que têm e eventuais perseguições e distorções que estejam fazendo contra eles", explicou Tarso. "É uma obrigação democrática participar do processo até o fim. Será posição majoritária no diretório que quem renunciar não deverá receber legenda."

Ele assumiu posição contrária à de Ricardo Berzoini, para quem o PT não deve, como princípio geral, negar legenda a quem renuncie. Berzoini definiu como legítima a renúncia em caso de processos viciados, marcados pela perseguição política. Segundo Tarso, do ponto de vista legal, não há como o partido recusar legenda a qualquer pessoa, mas nada impede que a legenda adote uma posição política a respeito e crie normas internas.