Título: CPI terá ajuda de três auditorias
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2005, Nacional, p. A12

Para agilizar as investigações da CPI dos Correios, o Senado vai contratar três empresas de auditoria externa - a Villas Rodil, a Ernest Young e a Moore Stephens - na semana que vem para fazer o cruzamento dos dados da quebra de sigilo dos fundos de pensão de empresas estatais com a movimentação das contas bancárias do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do mensalão. Também a pedido da CPI dos Correios, o Senado resolveu comprar um software chamado I2. Esse programa é usado pelo serviço secreto britânico para detectar transações de lavagem de dinheiro.

"Vamos contratar as empresas de auditoria em caráter de emergência", afirmou o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), ao explicar que, por isso, não será aberta licitação. A Villas Rodil e a Moore Stephens devem ficar encarregadas de analisar toda a movimentação das 75 contas bancárias de 18 empresas de Marcos Valério.

Os integrantes da CPI estão certos que não há conexão entre os empréstimos feitos por Marcos Valério no Banco Rural e no BMG e os empréstimos que ele garante ter realizado para o PT. Para corroborar essa tese, o sub-relator de movimentações financeiras da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), argumenta que o primeiro empréstimo feito por Marcos Valério foi no BMG, no dia 24 de fevereiro de 2003. Mas, antes, no dia 7 de janeiro daquele mesmo ano, o empresário repassou R$ 1,7 milhão para o então tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares.

A Ernest Young ficará encarregada de analisar as transações feitas pelos fundos de pensão de empresas estatais com títulos públicos. Levantamento preliminar feito pela CPI dos Correios indica que 11 corretoras causaram prejuízo de R$ 9 milhões em 6 dos 11 fundos.

CRONOGRAMA

Delcídio e Fruet reuniram-se ontem com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Adylson Motta, para fechar um cronograma de divulgação dos relatórios parciais com as auditorias feitas por técnicos do tribunal em contratos firmados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e prestadores de serviço. Ao todo, 54 contratos firmados pela estatal estão sendo investigados pelo TCU.

"Daqui a uns 10 dias vamos começar a liberar os relatórios parciais", contou Delcídio. De acordo com ele, o TCU também está fazendo uma auditoria no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Com negócios no exterior de cerca de R$ 900 milhões ao ano, o IRB começou a ser investigado pela CPI dos Correios depois das denúncias de que a autarquia era obrigada a pagar mesada para o PTB. Toda a diretoria foi afastada e hoje o IRB está sob o comando de Marcos Lisboa, um dos principais auxiliares do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.