Título: Greve no BC já afeta distribuição de dinheiro
Autor: Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2005, Economia e Negócios, p. B8

A greve dos funcionários do Banco Central (BC), que completa hoje 20 dias, começa a afetar a distribuição de dinheiro no País, segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal). Outros serviços, como as parciais da taxa cambial para importação e exportação de mercadorias, também foram atingidos. "Dos 4,7 mil funcionários apenas 320 trabalharam hoje (ontem)", diz Sérgio Belsito, vice-presidente do Sinal. De acordo com ele, a partir da próxima semana pode ocorrer um colapso. "Já falta troco nos supermercados e dinheiro nos bancos de São Paulo, Rio e Brasília."

Balanço do BC diz que apenas 48% dos funcionários pararam ontem. Os funcionários querem 6,82% de reajuste agora e mais 15% em janeiro. O BC oferece 5,7% a partir de 2006. Na terça-feira, os dirigentes do Sinal se reúnem com o presidente do BC, Henrique Meirelles.

Belsito diz que o Banco do Brasil (BB) não conseguiu retirar dinheiro na Casa da Moeda para atender ao mercado na próxima semana. Com a greve, o BB fica responsável pelo suprimento de numerário em todo o País. "A falta de dinheiro é reflexo da coincidência das greves (os bancários pararam na quinta-feira). Esperávamos que isso acontecesse em 30 dias", diz Daro Marcos Piffer, presidente do Sinal em São Paulo.

O Banco Central não tem registro de problema na distribuição de numerário e conta com ajuda do Banco do Brasil. A assessoria do BB afirma que todos os saques foram efetuados normalmente e o abastecimento de caixa eletrônico só não é efetuado onde há piquetes, por questão de segurança.

A greve dos bancários continua em 23 Estados e no Distrito Federal, de acordo com os representantes da categoria. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), somente 4% das agências bancárias do País fecharam ontem. Os bancários querem 11,77% de reajuste e os banqueiros oferecem 4%.