Título: Pont monta equipe de voluntários para fiscalizar eleição
Autor: João Domingos e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2005, Nacional, p. A4

Alerta para as denúncias de fraude que ocorreram no primeiro round da eleição do PT, o candidato da Democracia Socialista à presidência do partido, Raul Pont, terá um pequeno exército de voluntários no segundo turno deste domingo para fazer boca-de-urna e fiscalizar a lisura da votação. Serão pelo menos três pessoas por local de votação, mais de cem só na capital paulista. Ricardo Berzoini, representante do Campo Majoritário, também terá cabos eleitorais e fiscais espalhados em todo o País. Na votação do dia 18, foram registrados casos de transporte em massa de eleitores e pagamento de contribuição partidária. Para votar, o filiado petista deve estar em dia com o dízimo. Os principais casos foram registrados em São Paulo, nos diretórios zonais de Capela do Socorro, Jaçanã e Pirituba e serão investigados pela direção do partido no Estado. No segundo turno, o principal temor reside no transporte de eleitores, uma vez que a contribuição é paga uma vez só.

"Depois das denúncias do primeiro turno, houve uma condenação pública muito grande dessas práticas; acho que isso vai acabar reduzindo as ocorrências agora", avalia Joaquim Soriano, um dos coordenadores da campanha de Raul Pont, negando "medo" de fraudes. Mesmo assim, o esquema de fiscalização da Democracia Socialista terá reforço de outras correntes, como do Fórum Socialista - especialmente no interior de São Paulo - e da Articulação de Esquerda.

"A eleição do PT não foi marcada por fraudes. Houve alguns casos isolados no primeiro turno. Não estou preocupado", afirmou Ricardo Berzoini. "Nada vai atrapalhar o resultado da eleição", afirmou o coordenador das eleições, Francisco Campos. No domingo, além do sucessor de Tarso Genro, serão escolhidos também os presidentes dos diretórios estaduais do PT em oito Estados e cerca de 80 cidades. Em São Paulo, 13 cidades irão às urnas.

APOIOS

Raul Pont garantiu o apoio do prefeito de Recife, João Paulo, procurado pelo Campo Majoritário. João Paulo havia manifestado apoio a José Genoino, que abandonou a presidência do PT, e Tarso Genro, que desistiu da candidatura e foi substituído por Berzoini. O prefeito acabou por defender o voto em Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, e apesar do assédio do Campo, ficou com Raul Pont.

O representante da Democracia Socialista reuniu ainda uma série de intelectuais petistas em torno de sua candidatura. Eles lançaram ontem um manifesto no Rio de Janeiro e, hoje, reeditam o apoio durante um almoço em São Paulo. Assinam o documento, entre outros, Alfredo Bosi, Emir Sader, Leonardo Boff, Luis Fernando Veríssimo, Maria da Conceição Tavares e a filósofa Marilena Chauí. Segundo o texto, "Raul representa o que o PT e a esquerda mais precisam: capacidade de governo com espírito público, apoio na militância e nos movimentos sociais e firmeza de princípios".