Título: Oposição diz que será difícil cassar pelo menos 3
Autor: Luciana Nunes Leal e Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2005, Nacional, p. A6

Os partidos de oposição já admitem que será difícil a cassação de alguns dos parlamentares acusados de supostamente participarem do esquema do mensalão. Segundo líderes, pelo menos três da lista do relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), poderão não ser cassados por falta de produção de provas ainda no Conselho de Ética: os deputados Pedro Henry (PP-MT), Sandro Mabel (PL-GO) e Wanderval Santos (PL-SP). Os pefelistas incluem nessa relação o deputado Roberto Brant (PFL-MG). Mas os partidos da base governista apoiarão o pedido de sua cassação, já que, em 2004, ele teve repassados do Banco Rural R$ 102.812, recebidos pelo coordenador de sua campanha à prefeitura.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), admite que as investigações feitas pelas CPIs, pelo Conselho de Ética e pela Comissão de Sindicância não foram suficientes ainda para produzir provas contra alguns dos acusados. "Até agora, não apareceram provas sobre Roberto Brant, Pedro Henry, Sandro Mabel e Wanderval Santos. Não podemos fazer um julgamento puramente pensando na opinião pública."

Na prática, o pefelista está apenas verbalizando uma opinião corrente na Câmara sobre alguns parlamentares. Mabel, por exemplo, tem contra si apenas o testemunho da deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) sobre uma suposta oferta de dinheiro para que trocasse de partido. Se a acareação marcada entre os dois não produzir novas revelações, a tendência é que ele seja absolvido.

Contra Henry há uma acusação de Roberto Jefferson de que ele teria feito pressão política sobre o líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro, para que ele entrasse no esquema do mensalão. Henry é considerado o maior candidato a ser absolvido ainda no conselho. Outro caso é o de Wanderval Santos - um de seus assessores aparece como sacador de R$ 150 mil no Rural, mas, ao renunciar ao mandato, o ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) assumiu responsabilidade pelo saque.