Título: PRINCIPAIS PONTOS DO DEPOIMENTO DE BRUNO DANIEL
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2005, Nacional, p. A8

JOSÉ DIRCEU: "Eu e meu irmão ficamos surpresos com a detalhada revelação de Gilberto Carvalho, feita logo após a Missa de 7.º Dia de Celso Daniel. Ele foi claro: disse que os recursos arrecadados eram enviados ao PT para serem usados no financiamento de campanhas. Era ele quem entregava o dinheiro a José Dirceu. Ele disse que havia momentos de tensão porque carregava o dinheiro, sem segurança, em seu Corsa preto, e, em uma só ocasião, entregou R$ 1,2 milhão ao deputado Dirceu. Isso preocupou a família porque ele sempre carregava tudo sozinho, sem segurança."

A VERDADE: "Meu irmão João Francisco e eu estamos juntos, temos a mesma posição quanto à necessidade de buscar a verdade no caso do assassinato de nosso irmão. Alguns, em defesa da honra de Celso, querem impedir que as investigações caminhem no sentido do desvelamento do crime, mas não se pode acobertar a verdade em nome da honra. O povo de nossa cidade não aceita as explicações dadas até o momento, porque são superficiais e contraditórias para um crime que desde o início se revelou complexo. Falamos com outros membros do PT esperando trazer elementos para elucidar o caso. E o que posso afirmar é que poucas pessoas dentro do partido contribuíram para isso."

CRIME COMUM: "Quem aceita a tese de crime comum aceita a tese de que não houve tortura, não houve a troca de roupa de Celso. Aceita a idéia de que não houve participação de Dionísio, um presidiário do presídio de Guarulhos que foi resgatado de helicóptero. Quem aceita a tese de crime comum aceita a tese de falta de documentos, falta de laudos importantes para chegar mais perto da verdade, relativa às mortes de outras seis pessoas assassinadas e que ainda não foram esclarecidas."

EXTORSÃO: "Há evidências de que havia na prefeitura de Santo André um esquema de arrecadação para o PT. Suponho que Celso enveredou naquilo como um mal necessário para viabilizar as atividades do partido e lamentavelmente deu no que deu.O que possivelmente aconteceu é que parcelas desses recursos começaram a ser destinadas para outras finalidades, razão pela qual o Celso resolveu alterar a situação e esta pode ter sido a motivação do crime."

LULA: "Gilberto Carvalho não é de Santo André. Acredito que ele teria ido para lá como um homem de confiança de Lula."

PERSEGUIÇÃO: "A tentativa de desqualificar nossa família não mais é do que a tentativa de desqualificar a tese de crime planejado, é uma cortina de fumaça para evitar a busca da verdade. Desconfiamos que, por razões políticas, minha esposa tenha sido demitida da Fundação Centro Universitária de Santo André após eu ter dado entrevista sobre o caso do Celso."