Título: Lula diz que País não é mais 'canteiro de obras paradas'
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2005, Nacional, p. A11

Um presidente Lula descontraído, sorridente, até bem-humorado, que voltou a falar do seu Corinthians com satisfação ("Ganhamos do Fluminense de 2 a 0") desembarcou em Pouso Alegre, ao Sul de Minas, onde foi recebido por um sol inclemente e 30 prefeitos da região, ávidos por verbas federais. Acompanhado de ministros, entre eles Alfredo Nascimento (Transportes) e do vice-governador mineiro, Clésio de Andrade - ex-sócio de Marcos Valério de Souza, pagador do mensalão -, Lula vistoriou as obras de restauração do trecho urbano da BR-459, 15 quilômetros de estrada ao custo de R$ 15 milhões, e dali seguiu para inaugurar a duplicação de uma parte da Fernão Dias. Tímido protesto do PSTU e do Conlutas aguardava o presidente. Os manifestantes isolados por cordão policial, brandiam bandeiras vermelhas e faixas contra a corrupção, o mensalão e a "patifaria no Congresso". Lula deu mostras de conforto diante do esvaziamento da crise política e apontou seu discurso para o governo Fernando Henrique Cardoso. "Quem é trabalhador na cidade de Pouso Alegre sabe perfeitamente bem que nós passamos de 1994 a 2002 tendo um dos maiores índices de desemprego da história", afirmou. "Durante oito anos de governo foram criados, em média, por mês, apenas 6 mil empregos com carteira assinada. Em 33 meses de governo, nós já criamos mais de 3 milhões e meio, perfazendo uma média mensal de 105 mil empregos, 12 vezes mais do que o governo anterior." Empolgou-se com os aplausos de duzentas pessoas que pediram "2006, Lula outra vez", e comparou sua gestão à de FHC. "Os empresários que estão aqui e os estudantes que estudam um pouco de economia sabem que, em 2003, quando tomei posse, o Brasil tinha um superávit comercial de apenas US$ 13 bilhões, e as exportações não ultrapassavam US$ 60 bilhões. Ontem, batemos o recorde na história do Brasil, atingimos US$ 112 bilhões de exportações." Voltou-se para o empreiteiro Queiroz Galvão, a quem chamou de "meu caro", e falou: "Quando tomei posse, o saco de cimento estava R$ 22, 50 e hoje, em São Bernardo do Campo, está R$ 10, 90. As donas de casa sabem que, em 2003, o saquinho de arroz de 5 quilos do Tio João custava R$ 11 e hoje compramos a R$ 4, 90. Quem vai no açougue sabe que a carne está muito mais barata." Falou, enfim, da Fernão Dias - investimento de R$ 1, 023 bilhão, dos quais R$ 879 milhões de Brasília - e elogiou Minas. "Essa rodovia aqui vinha que nem determinadas igrejas de alguns lugares do mundo, levam séculos para terminar."