Título: Dólares irão recompor reservas, explica Palocci
Autor: Gustavo Freire e Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2005, Economia & Negócios, p. B3

BALANÇO : As reservas internacionais estavam em US$ 57,043 bilhões no penúltimo dia de setembro, dado mais recente do Banco Central. Desde então, o número deixou de ser atualizado diariamente por causa da greve dos servidores do banco iniciada em 19 de setembro. Esse valor considera os recursos emprestados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Sem eles, as reservas estavam em US$ 40,402 bilhões em agosto, também o dado mais recente. A expectativa do governo é que o saldo das reservas no conceito mais amplo chegue a US$ 58,7 bilhões no fim do ano, ante US$ 52,9 bilhões no fim de 2004. A projeção não levava em conta os dólares comprados pelo BC nos primeiros dias deste mês. O valor das aquisições estimado pelo mercado é próximo dos US$ 300 milhões, o suficiente para puxar a previsão de reservas a algo próximo dos US$ 59 bilhões. Desde o início de 2004, o BC já comprou cerca de US$ 17 bilhões no programa de recomposição das reservas. O objetivo é deixar o País mais resistente a crises externas e livre de problemas de financiamento das contas externas.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem que as compras de dólares que o governo tem feito no mercado não têm como objetivo elevar a cotação do comercial, mas aumentar o nível das reservas internacionais. "Não são intervenções, não têm a ver com o nível de câmbio, têm a ver com as reservas brasileiras", afirmou.

Segundo o ministro, o fortalecimento das reservas serve para dar mais estabilidade à economia. Comenta-se no mercado, as compras - da segunda à quarta-feira - somaram US$ 300 milhões.

As compras de dólares continuarão, segundo informou o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, em audiência conjunta a seis comissões do Congresso. Ele não quis dar mais detalhes sobre o total de reservas ambicionado pelo Brasil, mas informou que esse nível ainda não foi atingido. Segundo Meirelles, cada país tem um limite diferente para as suas reservas internacionais. "O México chegou a US$ 50 bilhões e anunciou que já era o suficiente. A China tem mais de US$ 700 bilhões e acha que ainda não é suficiente", comentou. O presidente do BC informou que o nível adequado de reservas é definido por critérios diferentes, tendo em vista as condições da economia e as características macroeconômicas de cada país. No caso do Brasil, esse limite ainda não foi alcançado. "Esses limites não são anunciados a priori, e sim a posteriori", afirmou.

Meirelles acrescentou que a política de compras de dólares do BC continua. Ele lembrou que o Tesouro Nacional tem sua política própria de compra de moeda estrangeira. Nesse sentido, já foi anunciado que o Tesouro pretende comprar, em mercado, US$ 11,2 bilhões para o pagamento de compromissos da dívida externa que vencerão em 2006.

Na semana passada, o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilacqua, disse que desse total, US$ 3,990 bilhões já haviam sido adquiridos pelo Tesouro. O Banco Central, por sua vez, adquiriu US$ 10,2 bilhões para compor suas reservas internacionais, ao longo do primeiro semestre.