Título: Produtor têxtil quer barreira para a seda
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2005, Economia & Negócios, p. B7

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) vai entrar hoje com o primeiro pedido de salvaguardas contra a China no Departamento de Defesa Comercial (Decom) do Ministério do Desenvolvimento. A entidade vai pedir barreiras - cotas ou sobretaxas - contra a importação de tecidos de seda. De janeiro a agosto, essas importações cresceram 342%, em toneladas, em comparação com o mesmo período no ano passado.

Segundo o diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, a associação vai entrar com pedidos de salvaguardas contra 75 produtos têxteis e de vestuário nos próximos 30 dias. A Abit pede barreiras contra meias, camisas, jaquetas, tecidos e fios sintéticos da China, entre outros produtos. Os produtos estavam na pauta de negociações que o ministro Luiz Fernando Furlan apresentou a autoridades chinesas, na semana passada, na fracassada tentativa de um acordo de restrição voluntária de exportações.

Pimentel afirma que a entidade vinha trabalhando nas petições de salvaguardas há 45 dias. A Abit precisa demonstrar danos aos setores por causa do aumento das importações chinesas para o governo adotar as salvaguardas. O Decom tem prazo de quatro meses para analisar os pedidos.

"A publicação das salvaguardas coroa uma luta de meses", disse Pimentel. "Estamos agora onde deveríamos estar desde o início do ano. Finalmente, temos os instrumentos adequados de defesa comercial. As salvaguardas não são nenhum bicho-de-sete-cabeças, são apenas parte normal do jogo do comércio."

O setor têxtil e de confecções emprega 1,5 milhão de pessoas no País, fatura US$ 25 bilhões e exporta US$ 2,08 bilhões.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, disse que pedirá salvaguardas contra a China em até 30 dias . O pedido tomará como base o peso dos brinquedos. "Estamos sofrendo um megaataque dos chineses", justificou. Os fabricantes brasileiros se queixam da concorrência desleal das importações chinesas e do contrabando de produtos daquele país.

Em 2003 o Brasil importou da China 10,2 milhões de quilos de brinquedos, e em 2004, 16,4 milhões.