Título: Internação por tiro acidental cai 13%
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2005, Metrópole, p. C1

O número de internações hospitalares por tiros acidentais com armas de fogo caiu 13% no Brasil de 2003 para 2004. Em números absolutos, quase mil pessoas deixaram de se ferir. A queda se deu após o início da campanha do desarmamento, em julho de 2004. Os dados são de pesquisa concluída ontem pelo Ministério da Saúde, obtida com exclusividade pelo Estado. Em 2004, internações por tiro acidental foram 28,8% do total. Agressões com armas, 65,3% e o restante se dividiu entre suicídio e causa indeterminada. Com a entrega de armas, o número total de internações por tiro caiu 4,6%. De 2002 para 2003, houve aumento de 10%.

Para o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, o resultado é fundamental para a população decidir o voto no referendo. "Como médico e cidadão, vou votar a favor do desarmamento." Ele destacou que houve menos internações nos Estados onde foram recolhidas mais armas. Segundo a coordenadora de Informação e Análise Epidemiológica do Ministério, Maria de Fátima Marinho de Souza, "o Estatuto do Desarmamento teve impacto na mortalidade, mas não na internação. Foi o recolhimento de armas que diminuiu a internação". Para ela, isso ocorreu porque os disparos acidentais - domésticos, em brigas de trânsito ou de bar - estão ligados à disponibilidade da arma.

Felipe disse que a apuração dos dados não é feita só pelas informações hospitalares, mas abrange registros de óbito. Em 2003, morreram por tiro acidental 283 pessoas no País. No ano seguinte, foram 201.

Segundo o presidente do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, a pesquisa prova que a redução do número de armas melhora e qualidade de vida da população. "Não é teoria, sonho pacifista utópico, afirmar que a redução das armas diminui a mortalidade e as internações." Já o pesquisador Guaracy Mingardi diz que não existe queda natural para acidente - só houve redução porque se recolheram armas.