Título: Bastos admite insegurança na rua
Autor: Leonencio Nossa e Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2005, Metrópole, p. C4

BRASÍLIA - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, declarou ontem que, mesmo com todas as regalias de autoridade, tem sensação de insegurança no dia-a-dia, como boa parte dos brasileiros. Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, ele rebateu críticas à política de combate à violência e afirmou que a proposta de proibir o comércio de armas não é para desarmar bandidos, mas reduzir o índice de mortes acidentais. "Sou o primeiro a reconhecer essa sensação de insegurança. Embora tenha certas regalias como ministro, sou provido dessa sensação, que me assalta com muita freqüência." A declaração de Thomaz Bastos foi feita após um duro discurso do conselheiro e presidente do Clube Militar, general Luiz Gonzaga Lessa, que classificou de "muito otimista" uma exposição anterior do ministro.Lessa foi aplaudido.

"Se eu fiz uma exposição otimista, é porque é o meu jeito de falar", explicou o ministro. "Já disse que a segurança não é questão de uma bala na agulha, ou tiro de canhão, pois são muitas medidas que precisam ser tomadas ao mesmo tempo."

Em entrevista após a reunião, Lessa fez mais críticas. "O ministro pintou um quadro cor- de-rosa", disse. "No Rio, o governo paralelo comanda tudo", completou o general.

Bastos aproveitou a reunião para voltar a defender o "sim" à proibição do comércio de armas no referendo do dia 23. No discurso, disse que não faz sentido o argumento de que a proibição não vai tirar as armas dos criminosos. "É claro que isso não é para tirar arma de bandido, mas para diminuir a criminalidade acidental, nas casas e escolas", salientou.

Ele citou pesquisa da Unesco que apontou queda de 10% no número de assassinatos desde o início da campanha de desarmamento. "A revista Veja levantou sete razões para votar no 'não', já eu apresento pelo menos oito contra a venda e o comércio de armamentos", declarou. A pesquisa da Unesco foi uma das "razões" apresentadas.

O ministro, entre outros pontos, disse que o "sim" vai ajudar a reduzir mortes por motivos fúteis, casos de suicídio e vai evitar que o armamento legal caia na mão de bandidos.

Bastos ressaltou que a campanha do governo de desarmamento já recolheu quase 500 mil armas - a meta era 80 mil. "Parecia paranóia estabelecer uma meta de 500 mil armas."