Título: Em Copacabana, passeatas pró e contra armas
Autor: Fabiano Rampazzo, Elder Ogliari, Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2005, Metrópole, p. C1,3

Houve discussão entre organizadores quando os grupos se encontraram, mas atos foram pacíficos

A duas semanas do referendo sobre a proibição da venda de armas no Brasil, manifestantes contra e a favor do desarmamento fizeram passeatas simultâneas na praia de Copacabana ontem de manhã. Os grupos chegaram a se encontrar e houve rápido bate-boca. Havia cerca de 200 pessoas do lado do sim à proibição de armas e 300 do lado do não. Representantes dos dois lados informaram que não sabiam que as passeatas haviam sido programadas para o mesmo dia, hora e local. Os manifestantes pró-desarmamento, entre eles os deputados estadual Carlos Minc (PT) e federal Jandira Feghali (PC do B) e o coordenador da entidade Viva Rio, Rubem César Fernandes, distribuíram adesivos e fitas no calçadão. Levaram carro de som e tocaram mensagens de artistas.

Os deputados disseram que haverá mudanças na propaganda do sim. "A outra campanha está focando no aspecto da falta de segurança pública, afirmando que a polícia não protege e, por isso, a população tem de se defender. Isso é barbárie", criticou Jandira Feghali.

Os defensores do comércio de armas carregaram bandeiras do Brasil e venderam camisetas com dizeres de sua campanha, além de gritar palavras de ordem contra o que chamaram de "farsa do desarmamento". "Com uma semana de propaganda, o castelo de cartas deles começou a ruir. Nós só vamos entregar as armas quando o bandido estiver desarmado. O cidadão de bem não é o responsável pela violência", disse Wagner Vasconcelos, do Movimento Pela Valorização da Cultura, do Idioma e das Riquezas do Brasil (MV-Brasil) e um dos organizadores do ato. Estiveram presentes os deputados federais Jair Bolsonaro (PP0) e Josias Quintal (PMDB), e o estadual Flávio Bolsonaro (PP).

As duas passeatas se encontraram na altura da Rua Miguel Lemos. Vasconcelos e Fernandes tiveram uma rápida discussão. O impasse foi resolvido sem problemas: os adeptos do desarmamento deram passagem e os que são pró-armas seguiram por outra pista da Avenida Atlântica. Anteriormente, o grupo do não já havia se deparado com outro ato: uma procissão para marcar o Círio de Nazaré, promovida por uma igreja de Copacabana. Os dois grupos conseguiram adesões entre os freqüentadores da praia.