Título: Acusados tentam se livrar até último minuto
Autor: Denise Madueño e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - Durante todo o dia de ontem, houve uma romaria de deputados suspeitos à Corregedoria, ora para falar com o corregedor Ciro Nogueira (PP-PI), ora para conversar com o relator Robson Tuma (PFL-SP). Embora nem todos reconhecessem, os cassáveis apresentavam seus últimos argumentos na esperança de serem poupados de um processo no Conselho de Ética. "São pessoas que estão com a espada sobre a cabeça. Eles vêm se inteirar sobre o rito do processo", disse Ciro, no meio da tarde. Às 10 horas, o deputado Vadão Gomes (PP-SP) já estava na sala de Ciro, em busca de uma informação sobre o relatório que seria apresentado no fim da tarde. "Estou confiante." Na véspera, ele também foi ao corregedor e disse ter "certeza" de que não seria levado ao Conselho de Ética. De fato, seu nome chegou a ser cogitado como um dos possíveis poupados, mas a expectativa de Vadão foi por água abaixo.

Os petistas de São Paulo José Mentor e João Paulo Cunha também foram à Corregedoria. João Paulo ficou apenas 10 minutos. Mentor, meia hora. Em defesa própria, repetiram o mesmo argumento: "Não sei de que estou sendo acusado, não sei qual é o crime."

Alguns não chegaram a ir à Corregedoria, mas tinham fiéis defensores dentro da Comissão de Sindicância. O petista Professor Luizinho (SP) contou com a insistência do colega de partido Odair Cunha (MG) para que fosse poupado. "Não é questão de poupar, mas de não haver provas contra ele e contra outros três deputados", sustentou Odair.

Companheiro de partido do deputado Roberto Brant, único pefelista da lista dos denunciados, Mussa Demes (PFL-PI), também integrante da Comissão, defendeu que nenhum dos suspeitos fosse encaminhado ao Conselho.

Assim como Vadão Gomes, o presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), foi à Corregedoria dois dias seguidos. Nas duas ocasiões, insistiu que queria tratar de assuntos do partido com Ciro. Mas explicava demoradamente que não havia provas contra ele. "Meu nome não está em nenhuma lista, tenho apenas uma citação."

Todos os esforços foram em vão. No fim do dia, o relatório sugeriu abertura de processo no Conselho de Ética contra todos os envolvidos. Antes de saber disso, Corrêa prometeu, na "remota" hipótese de ter de enfrentar o Conselho: "Não renuncio."