Título: Raquel exige sessão aberta na sua acareação com Mabel
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2005, Nacional, p. A5

BRASÍLIA - A deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) afirmou ontem não aceitar que a sua acareação com o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO), seja feita em sessão secreta do Conselho de Ética. Raquel acusou Mabel de lhe oferecer R$ 30 mil por mês, mais R$ 1 milhão no fim do ano, para trocar de partido. A suspeita é de que a verba teria origem no esquema montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para pagar mesada por votos favoráveis a projetos de interesse do governo. Mabel foi apontado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos beneficiários do mensalão.

Raquel, que era secretária de Ciência e Tecnologia de Goiás, reassumiu ontem o mandato, dizendo que assim terá maior legitimidade para recusar a sessão secreta. "Essa sessão às escondidas que estão armando é a tentativa de legitimar uma mentira. Não aceito."

MORAL

A deputada disse que na acareação vai repetir tudo o que já disse sobre a oferta que teria sido feita por Mabel. O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), defendeu a sessão secreta. Disse que é para evitar que vire um espetáculo e os parlamentares comecem a correr atrás dos holofotes, como nas CPIs. "A sociedade tem de assistir a tudo. Nada de sessão secreta", rebateu Raquel.

Ela informou ainda que ficou sabendo que o ex-vereador de Goiânia Cleovan Siqueira, vice-presidente do PL de Goiás - o presidente é Mabel -, pensou em procurá-la para propor um acordo segundo o qual ela retiraria, no Conselho de Ética, tudo o que havia dito antes. Siqueira iria argumentar que PL e PSDB são da base do governador tucano Marconi Perillo, e que esta questão deveria ser resolvida "amigavelmente". "Uma coisa é a base do governo, outra coisa é o princípio, a moral e a ética. De forma nenhuma vou aceitar esse tipo de acordo", disse Raquel.

Um das razões que a levaram a reassumir o mandato de deputada foi justamente escapar à pressão cerrada do PL goiano. Ao depor no Conselho de Ética, Mabel negou ter oferecido qualquer tipo de vantagem em dinheiro para ela mudar de partido. Ele reafirmou a defesa feita à CPI dos Correios, quando disse ter atraído Raquel para o PL porque ela "preencheria espaço importante no partido", por ser uma referência parlamentar na área da educação. Diante do impasse, o Conselho de Ética aprovou a acareação proposta pelos deputados Jairo Carneiro (PFL-BA) e Orlando Fantazzini (PT-SP).