Título: Justiça Eleitoral finge que fiscaliza, diz Bastos
Autor: Tânia Monteiro e Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2005, Nacional, p. A12

BRASÍLIA - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fez ontem, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, duras críticas aos tribunais eleitorais, ao classificar as prestações de contas de campanhas dos partidos como uma "ficção eleitoral", onde os tribunais "fingem" que vistoriam as contas de campanha, enquanto os partidos e candidatos "fingem" que prestam conta. Já o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, que coordenava o encontro, minimizou o uso do caixa 2 por partidos políticos, comparando-o ao jogo do bicho e ao dólar paralelo. "Sou daqueles que acha que o problema que gerou essa turbulência política é um problema tipicamente de financiamento irregular de campanha, que é tratado como outras atividades no Brasil, como o jogo o bicho, o caixa 2, o dólar no paralelo", disse o ministro Wagner. "A gente publica na primeira página do jornal, achando que é atividade normal e é tão absorvida que está lá, publicado: dólar oficial, dólar comercial, dólar no paralelo", comentou.

CONVÍVIO PROMÍSCUO

Ao final, o ministro propôs a criação de um grupo de trabalho para discutir formas de segurança ao patrimônio público frente às irregularidades. "Eu acho que o tema da segurança do sistema público contra esse achaque, vamos chamar aí de corrupção, caixa 2, convívio promíscuo entre o público e o privado, talvez a gente pudesse remeter a um grupo de trabalho, que eu acho mais produtivo do que fazer esse debate ao largo, para que depois pudesse ser apresentado como sugestões ao Conselho e remetido ao presidente da República", observou.

"Temos que aproveitar o momento de choque da sociedade, de constrangimento, para darmos, dentro da crise, um salto", comentou o ministro, informando que o grupo será criado para estudar sugestões para melhorar a fiscalização.