Título: Indústria de máquinas prevê desaceleração
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2005, Economia & Negócios, p. B3

A indústria brasileira investiu na modernização e no crescimento da produção, apesar dos juros altos e do câmbio desfavorável. Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostra que as vendas internas do setor, somadas à importação de bens de capital mecânicos, cresceram 27,1% de janeiro a agosto, na comparação com igual período de 2004. O chamado ¿consumo aparente¿ de máquinas e equipamentos, que reflete os investimentos do setor produtivo, passou de US$ 29,188 bilhões, em 2004, para US$ 37,109 bilhões este ano. Mas a expectativa é de desaceleração nos próximos meses. A fatia dos bens importados no mercado brasileiro caiu para 37,7%, ante uma participação de 44,8% de janeiro a agosto do ano passado. Nesse período, o faturamento dos fabricantes locais cresceu 29,5% e atingiu R$ 37,195 bilhões, incluindo as vendas externas.

Mesmo assim,o presidente da Abimaq, Newton de Mello, trabalha com a expectativa de retração nos próximos 12 meses, levando em conta a queda dos pedidos em carteira das empresas do setor. ¿Olhando pelo retrovisor, os números são bastante favoráveis, com faturamento alto e plena produção. Agora, olhando para a frente, a situação é bastante nebulosa¿, diz Mello.

Segundo ele, nos últimos dois meses as encomendas de máquinas e equipamentos despencaram, refletindo a cautela das empresas em relação a novos investimentos. Esse movimento, a seu ver, está relacionado com uma série de fatores, que incluem a valorização do real em relação ao dólar, os juros altos e as importações de produtos chineses.

O levantamento da Abimaq mostra que o faturamento da indústria de bens de capital tem sido liderado pelo segmento de mecânica pesada, que cresceu 172,5% no acumulado de janeiro a agosto, em relação ao mesmo período de 2004.

A Caldema, fabricante de caldeiras para usinas de açúcar e álcool, por exemplo, deve fechar o ano com crescimento de 40% no faturamento. ¿O mercado está bastante aquecido por causa da recuperação da credibilidade do álcool como combustível e dos preços internacionais do açúcar¿, afirma Alexandre Roberto Martinelli, gerente de Marketing da Caldema. A expectativa é de manutenção do crescimento nos próximos meses. A empresa tem pedidos em carteira para 16 meses de produção. No ano passado, esse prazo era de oito meses.