Título: Minoria na comissão, governo perde todos os embates
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2005, Nacional, p. A4

GUERRA: A aprovação da acareação entre Gilberto Carvalho e os irmãos do prefeito Celso Daniel foi apenas mais uma derrota do governo na CPI dos Bingos - onde o Planalto está em minoria e perde todas. "Aqui é a guerra do Davi contra o Golias. A desproporção é muito grande", reclamou o senador Tião Viana (PT-AC). "Convocar um coitado como o Carvalho para fazer acareação com os irmãos de Celso Daniel é covardia. É misturar crime comum com luta política." A CPI tem 9 senadores da oposição e 6 do governo - a desproporção se explica porque ela é exclusiva do Senado, que tem 60% de oposicionistas. Além disso, seu presidente, Efraim Moraes (PFL-PB), não esconde que é da oposição e está ali para aumentar o estrago no governo. Ontem, foi de Efraim o voto de desempate que aprovou a acareação. Ele costuma deixar os oposicionistas falar quanto tempo querem. Quando são os governistas, controla o tempo com rigor.

Desde seu início, a CPI dá trabalho ao governo. Nasceu como CPI de Waldomiro Diniz, com a divulgação, em fevereiro do ano passado, do vídeo em que o ex-assessor do Planalto cobra propina de Carlinhos Cachoeira. O então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não permitiu sua instalação e os oposicionistas foram ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No fim do semestre, quando o governo se deparava com as CPIs dos Correios e do Mensalão, o STF decidiu pela instalação da dos Bingos. A oposição mandou para lá nomes importantes, como Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM). Quando as demais CPIs não conseguem convocar alguém do governo, a dos Bingos o chama. Mesmo que não tenha nada a ver com bingos.