Título: Virgílio responde a acusações de Lula com lista de punidos
Autor: Guilherme Evelin
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2005, Nacional, p. A7

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), passou ontem quase 20 minutos na tribuna ocupado com a leitura de nomes de pessoas, empresas privadas e instituições públicas envolvidas nas denúncias sob apuração pelas CPIs dos Correios, dos Bingos e do Mensalão instaladas no Congresso. Foi uma resposta ao discurso pronunciado na segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em que ele disse que o País está submetido a um ¿denuncismo¿ que não se tem confirmado. Só a lista de ¿caídos¿ lida por Virgílio ¿ pessoas que saíram de cargos e funções no governo ou no PT, que se afastaram do partido ou perderam seus mandatos ¿ chega perto dos 50 nomes. A relação começa com Antônio Ozório Batista, ex-diretor de Administração dos Correios, demitido por causa da propina de R$ 3 mil embolsada pelo funcionário Maurício Marinho, passa pelo deputado José Dirceu (PT-SP), ex-chefe da Casa Civil, e termina nos cinco deputados que trocaram na semana passada o PT pelo PSOL.

¿Se fosse tudo denuncismo, ninguém precisaria ter sido demitido, ninguém teria que ter pago algum preço¿, atacou Virgílio em seu discurso, no qual pediu a Lula ¿um pouco mais de compostura¿. Na lista, aparecem ainda 26 empresas ou órgãos públicos, 47 empresas privadas, além dos 15 deputados que correm risco de cassação.

As denúncias sob investigação na CPI já renderam também R$ 4,3 milhões para a Receita Federal. Foi a quantia recolhida pelo publicitário Duda Mendonça ao Fisco depois que ele confessou ter recebido R$ 11,5 milhões no exterior por meio de uma offshore, como pagamento pelo seu trabalho em campanhas do PT em 2002. Foi uma tentativa de abrandar penas numa investigação em que Duda é suspeito de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

Os desvios de conduta comprovados nas investigações não se referem apenas a ilegalidades relacionadas a caixa 2 em campanhas eleitorais. Num caso que pode configurar, segundo integrantes do Ministério Público, co-autoria em crime contra a administração pública, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira foi presenteado com uma Land Rover pela empresa baiana GDK, dona de um contrato de US$ 88 milhões com a Petrobrás.

Outro caso que dificilmente pode ser enquadrado na categoria de ¿recursos não contabilizados¿ é o que levou à demissão de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil. Ele recebeu R$ 326 mil sacados de uma conta da DNA Propaganda, do empresário Marcos Valério. Pizzolato diz que o PT era o destinatário do dinheiro. Coincidentemente, ele comprou apartamento de R$ 400 mil no Rio menos de um mês depois de ter recebido a bolada.