Título: Pedro Henry e Wanderval podem escapar
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2005, Nacional, p. A8

Depois de reunião em que ficou clara a divisão da Comissão de Sindicância da Corregedoria da Câmara, que avalia os processos dos 16 deputados denunciados, aumentaram as chances de alguns escaparem da investigação no Conselho de Ética. Segundo três dos cinco integrantes da Comissão de Sindicância, o relator Robson Tuma (PFL-SP) deve sugerir à Mesa enviar a maioria dos casos ao conselho, mas cogita poupar alguns sobre os quais não haveria provas suficientes, como Pedro Henry (PP-MT) e Wanderval Santos (PL-SP). O conselho é a principal instância de investigação e julgamento e pode recomendar a cassação de mandatos. A decisão final cabe ao plenário e precisa da aprovação de pelo menos 257 deputados.

O relatório não proporá novos processos contra José Dirceu (PT-SP), Romeu Queiroz (PTB-MG) e Sandro Mabel (PL-GO), que já são investigados pelo Conselho de Ética. Resta tomar decisão sobre 13 deputados. Dirceu e os outros dois perdem, assim, a chance de aumentar os prazos de defesa. A corregedoria pode enviar ao conselho os elementos colhidos sobre os três nas investigações da Comissão de Sindicância. A entrega do relatório final estava prevista para hoje às 14 horas, mas na noite de ontem Tuma disse que só pode terminá-lo quinta-feira. A votação na Mesa está marcada para terça-feira.

A Mesa pode acatar o relatório inteiro ou fazer recomendações diferentes para cada deputado ¿ dos 7 integrantes, 5 são de partidos aliados ao governo. Robson Tuma insistiu durante todo o dia em não antecipar sua decisão. Alegou que ainda precisava ler as últimas defesas, entregues por escrito ontem por José Borba (PMDB-PR) e José Janene (PP-PR). Reiterou, porém, a decisão de fazer um relatório único, apenas com um capítulo para cada deputado citado pelas CPIs. ¿Vou apresentar um relatório e uma conclusão.¿

Esta é a principal divisão na comissão. Mussa Demes (PFL-PI) e Odair Cunha (PT-MG) insistem que os relatórios devem ser individuais e estão dispostos a votar contra o relatório conjunto. O corregedor, Ciro Nogueira (PP-PI), e o próprio relator votarão a favor do relatório como for apresentado.

A tendência do deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL), embora favorável a relatórios separados, é votar a favor do documento final, para evitar o desgaste de atrasar ainda mais as investigações sobre os suspeitos. ¿Não é justo, ético, decente fazer tudo igual para os 16. Não é justo condenar todo mundo. Teve gente que levou dinheiro e gente que não levou. Mas acredito que podemos ainda negociar um novo relatório.¿