Título: Renan desiste de apressar CPIs
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2005, Nacional, p. A8

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recuou da posição de evitar que as CPIs entrem no ano eleitoral de 2006 e admitiu até a convocação extraordinária do Congresso em janeiro para concluir as investigações. Na berlinda por ter defendido a conclusão precoce das investigações das CPIs dos Correios, Mensalão e Bingos, Renan reforçou o apoio técnico com a contratação pelo Senado, sem licitação, de duas empresas de auditoria, além da aquisição de um programa de computador, utilizado pela Polícia Federal, para cruzamento de informações. A estrutura técnica será reforçada, ainda, com mais cinco consultores do Senado. O espaço físico destinado às comissões também será ampliado. Todas essas providências, acertadas em reunião com os presidentes e relatores das CPIs, visam a evitar o fracasso das investigações e o desgaste da imagem do Congresso. ¿Prefiro responder por excesso de investigação do que por omissão¿, disse Renan.

Ao mesmo tempo em que ofereceu recursos, Renan procurou se eximir da responsabilidade pela contratação das empresas de auditoria, que devem começar a trabalhar na próxima semana. Caberá aos integrantes da CPI dos Correios fazerem a indicação, enquanto o Senado paga a despesa.

Antes da reunião com os representantes das CPIs, o clima não era favorável a Renan. Circulavam rumores de que estaria agindo para evitar que a CPI se estendesse até 2006 e servisse de palanque eleitoral para a oposição. O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Moraes (PFL-PB), chegou a se queixar com colegas de uma eventual intromissão de Renan.

Na reunião, coube ao presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), dar a má notícia: será impossível concluir os trabalhos daquela CPI até 15 de dezembro. Renan ouviu calado e não fez pressão. ¿Se for preciso, vamos prorrogar¿, afirmou, acrescentando que a principal preocupação da opinião pública é saber quem abastecia as contas de Marcos Valério.

A CPI do Mensalão não precisará prorrogar os prazos, segundo seu relator, deputado Ibrahim Abi-Ackel. Já Efraim disse que será inevitável alongar a CPI dos Bingos.