Título: Campanha do não pode ter mudanças
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2005, Metrópole, p. C3

Deputado quer mais depoimentos de policiais; outra frente terá Chico Buarque

O deputado Alberto Fraga pediu ontem à produção do programa da Frente pelo Direito de Legítima Defesa que mude o enfoque das inserções de rádio e TV, para mostrar de forma mais contundente o que considera prejuízos do veto às armas para a sociedade. Coronel da Polícia Militar, Fraga quer que sejam gravados novos depoimentos de policiais. "O policial vai perder muito. Não terá mais direito de comprar munição para sua arma pessoal", afirmou. "A produção tem gravado policiais de costas porque eles temem represálias. Mas é preciso encontrar um que fale de frente." A produção da campanha do sim à proibição das armas informou ontem que ela não será modificada. A aposta em artistas será mantida. Nos próximos dias, vão participar o compositor Chico Buarque e o baterista Marcelo Yuca, que ficou paraplégico depois de levar num assalto, no Rio, em 2000.

Para o especialista em segurança José Vicente da Silva Filho, do Instituto Fernand Braudel, o tempo é curto e qualquer grande alteração nas intenções de voto - segundo pesquisa do Instituto Ipsos publicada ontem pelo Estado, 76% apóiam a proibição - vai depender da competência da propaganda do não. "Eles têm de martelar mais a ineficiência do governo em investir na segurança."

A campanha do sim apresenta "bons questionamentos", ao menos no entender de Marcos Rolim, autor do livro Desarmamento: Evidências Científicas. "A campanha do não explora o medo da população, sinto falta de argumentos."