Título: Greve de 24 h deve paralisar hoje a França
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2005, Internacional, p. A13

Sindicatos querem 1 milhão nas ruas contra desemprego e queda do poder aquisitivo

A França deverá permanecer semiparalisada durante as próximas 24 horas por uma greve geral decretada pelas centrais sindicais. As centrais pretendem pôr 1 milhão de pessoas nas ruas das principais cidades para protestar contra a queda do poder aquisitivo e as demissões no setor industrial que agravam o desemprego, hoje em torno de 10 %. Será o primeiro grande teste social para o governo do primeiro-ministro Dominique de Villepin, diante da forte degradação do clima social no país. Na semana passada ocorreram violentos choques entre manifestantes corsos e a polícia. Uma pesquisa divulgada no dia 29, 74% da população apóia a greve de hoje , que deverá paralisar o setor público e algumas áreas do setor privado.

Centrais como a Confederação Geral do Trabalho (CGT), Confederação Geral do Comércio (CGC) e outras, grandes ou menores, participarão da paralisação, como nos velhos tempos das grandes lutas sindicais de defesa do emprego, do serviço público e do poder aquisitivo - temas centrais da paralisação de hoje. A greve tem apoio dos principais partidos de esquerda e da extrema esquerda, como o Partido Socialista, o Partido Comunista, a Luta Operária e a Liga Comunista Revolucionária. Os manifestantes vão sair às as ruas em Paris, Lyon, Marselha e outras cidades .

O fortalecimento dos sindicatos nos últimos meses preocupa o governo. Hoje, 57% da população confia na ação sindical, para 49% no início do ano. Alguns partidos apóiam a greve, mas não mandam seus seus líderes para as passeatas. É o caso dos socialistas, que têm sido vaiados quando surgem em manifestações desse tipo. O socialista Laurent Fabius, candidato declarado à presidência da república, foi recebido com ovos ao chegar à festa anual do jornal Humanité. François Holande, primeiro-secretário do Partido Socialista foi recebido com vaias por manifestantes comunistas e de extrema esquerda em outra reunião. Por isso, Holande, da região da Corréze, vai participar de uma passeata em sua região eleitoral e não da passeata nacional.

Pela primeira vez, haverá garantia de serviço mínimo nos transportes coletivos. Os usuários terão, em princípio, garantida uma circulação mínima de trens, metrôs e ônibus. Isso abrange 60% dos trens de grande velocidade (TGV), mas só 40% dos trens de subúrbio de Paris. Na capital, metrô e ônibus serão os mais atingidos pela greve. Algumas linhas pararão completamente. Haverá cortes no abastecimento de gás e luz.

Estão previstas fortes perturbações nos transportes aéreos. Mas os vôos de longa distância, como para o Brasil, estão garantidos.