Título: Fazendeiro denuncia contrabando de gado
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2005, Economia & Negócios, p. B1

O criador Antonio Basílio Astorini, de 57 anos, em cujo sítio foi constatada a suspeita de um segundo foco de aftosa, denunciou ontem ao Estado o contrabando de gado do Paraguai para fazendas do Mato Grosso do Sul.

Segundo ele, criadores e comerciantes atravessam o gado paraguaio para o lado brasileiro para vender por quase o dobro do preço. Eles não são incomodados pela quase ausente fiscalização, garantiu. No país vizinho, segundo Astorini, os bois são adquiridos sem nota e a preços mais baixos que no Brasil. 'Por ganância, acabam prejudicando quem trabalha direito.' Foi assim, segundo ele, que parte de seu plantel de 317 cabeças pode ter contraído a febre aftosa. O sítio de Astorini fica no município de Japorã, vizinho de Eldorado, região da fronteira, e já foi interditado pelo Iagro. Amostras dos animais doentes foram enviadas para um laboratório, no Estado de Pernambuco, mas o resultado não tinha saído até a tarde de ontem.

BLOQUEIO

Toda a área está bloqueada pelas barreiras sanitárias. A passagem não é permitida pelos agentes, mas a reportagem do Estado conseguiu chegar até o local onde os animais estão contidos. O criador não tem dúvida de que o gado tem febre aftosa, pois já teve o parecer de um veterinário.

A doença atacou também o rebanho de um criador vizinho, que tinha em seu pasto cabeças de gado trazidas do Paraguai. 'Quando os sintomas apareceram, ele camuflou a doença, tratando com creolina.' Astorini, que é do Estado de São Paulo, tem o sítio em Japorã há 18 anos. Seu gado é registrado e vacinado. 'Tenho todas as notas', afirmou.

Ele disse que a doença está espalhada no acampamento de antigos sem-terra. 'Tem muito animal doente', afirmou. O coordenador da Defesa Civil do Mato Grosso, coronel João Alves Calixto, disse que o município de Japorã foi incluído na área em situação de emergência.

Todas as propriedades já foram vistoriadas e a confirmação dos casos suspeitos de febre aftosa depende de saírem os resultados dos exames laboratoriais. Por prevenção, nas áreas onde há suspeita da doença, o acesso foi totalmente proibido.