Título: Pesquisa do sim indica empate técnico
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2005, Metrópole, p. C4

Uma pesquisa de intenção de votos sobre o referendo do dia 23, feita anteontem pela Frente Parlamentar por um Brasil sem Armas, indicou empate técnico entre o sim e o não. A distância era pequena havia alguns dias, com leve vantagem para o sim, mas o empate é novidade. O levantamento foi feito por telefone com eleitores de todo o País. Procurado pela reportagem para comentar a pesquisa, obtida com exclusividade pelo Estado, o advogado Denis Mizne, presidente do Instituto Sou da Paz, declarou que já esperava que os quase 80% de intenção de votos apontados pelas pesquisas das últimas semanas não iriam se manter.

'Não adianta ter esse porcentual muito antes, porque o tema não estava em discussão', afirmou. 'Se eles estão dizendo isso, nós já devemos estar na frente', afirmou o presidente da Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa, deputado Alberto Fraga (PFL-DF).

'Não fico surpreso. Sempre disse que nossa única chance seria no horário gratuito. Viemos de uma posição muito minoritária, que ninguém acreditava e agora o jogo está virando.' Além do empate técnico, há o meio de campo embolado. Enquete publicada ontem pelo Estado apontou que 29% dos eleitores confundem as respostas do referendo.

'Quando as pessoas ficam confusas, tendem a deixar tudo como está', avaliou Mizne. Para Fraga, a pergunta é maldosa. 'Tentamos mudá-la, mas não conseguimos.' Segundo Mizne, a propaganda do não desfoca o tema. 'Fala de tudo menos de arma.'

O advogado diz que o programa aborda a questão da desigualdade social como fator de indução à criminalidade, sendo que os parlamentares do não historicamente defenderam o discurso de que 'bandido bom é bandido morto'. Afirma também que eles falam em garantir direito, mas defenderam a ditadura militar. 'São palavras de desespero.

Não vale nem a pena responder', rebateu Fraga. 'Quem tenta enganar a sociedade e a Justiça não deixa, não somos nós.' Como a vitória não está assegurada para nenhum dos lados, Mizne chama a militância do sim para sair às ruas. 'As pessoas têm a impressão de que o sim vai ganhar.

Esperamos que, ao saber desses resultados, as pessoas se mobilizem', afirmou. Segundo Fraga, os defensores do não foram fundamentais na arrancada da campanha.

Antes do Estatuto do Desarmamento e da campanha de recolhimento de armas, que aumentaram o apoio à proibição do comércio de armas, o cenário era equilibrado. Pesquisa do Projeto Juventude, do Instituto da Cidadania, divulgada em 2004, indicou que 45% dos entrevistados apoiavam a proibição da venda de armas.